Não sei se vocês acompanham as propagandas da Globo, mas na próxima segunda, vai estrear uma nova novela das 18h, que tem o nome de "Éramos seis". Na primeira vez que eu ouvi esse anúncio eu fiquei com a sensação de que havia um livro com esse título. Fui atrás da informação e encontrei o livro escrito pela Maria José Dupré na @bibliounisc. Pensei que seria interessante lê-lo para ver se a novela seguirá mais ou menos o mesmo enredo.
O que eu não esperava era gostar tanto dessa história. Ela se passa em São Paulo, na primeira metade do século XX, mais especificamente nas décadas de 10 a 40. A personagem principal é a Dona Lola, que nos narra essa história em primeira pessoa depois que toda ela já aconteceu.
Por isso, eventualmente, ela dá um pulo no futuro da história, ela pausa as memórias para falar dos sentimentos dela no momento em que ela nos narra os acontecimentos. Isso torna a história interessante. Nos deixa intrigados em relação a como aquilo aconteceu.
O que acompanhamos é a história de sua família, da infância de seus quatro filhos, sua relação com o marido na casa da Avenida Angélica, uma casa comprada com muito custo, porque eles vivem bem, pelo menos num primeiro momento, mas com muito trabalho. São de classe média. Também sabemos de sua relação com a mãe e as irmãs que ainda vivem no interior de São Paulo.
O livro é um retrado da sociedade da época e também da história de São Paulo, passando pela Revolução de 1924. Acompanhamos o desenvolvimento dessa enorme cidade. Além disso, o livro aborda a vida feminina e a maternidade (cheia de sacrifícios) de uma forma interessante pelo retrato do cotidiano e pela apresentação das diferenças entre as gerações, em especial as diferenças entre gerações de mulheres. Há ainda, as dificuldades da classe média e o desenvolvimento de ideias socialistas e comunistas a partir de uma juventude insatisfeita com a parte que lhe cabia dentro de um mundo capitalista e cheio de privilégios aos mais ricos. As diferenças sociais são fortemente criticadas aqui.
E entre os vai e vens da vida, D. Lola vai aos poucos se tornando solitária. Primeiro há a morte do marido e então o destino de cada um dos filhos vai se cumprindo. Primeiro eram seis, depois quatro, então três, dois, até que restou só ela para nos contar essa história. Aliás, uma história bastante melancólica e até mesmo triste. Faz refletir sobre a velocidade da vida, a passagem do tempo, e o pouco controle que temos disso tudo. Faz pensar, sobretudo, a respeito da solidão da terceira idade. Então deixo pra vocês essa dica de leitura muito bacana!
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