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Um eterno dilema

A gente vive em uma realidade de mundo em que temos acesso muito fácil a uma quantidade muito grande de opções de lazer, cursos, informações, programações e tenho pensado sobre o tanto de frustrações que isso desencadeia nas pessoas.

Não que pensar sobre isso seja uma grande novidade. Eu sei que há estudos sobre o assunto, inclusive. Mas ontem de noite tive um momento de aflição ao perceber de que às vezes eu quero dar conta de tantas opções que acabo não conseguindo fazer nada.

E acho que não deve ser só comigo que isso acontece. Acho que isso também não deve ser novidade pra ninguém. Ainda assim eu queria escrever sobre isso porque acho que vai ser bom compartilhar. Talvez aí do outro lado tem mais alguém sentindo isso e talvez a gente possa se ajudar, aprendendo juntos a lidar melhor com essas coisas.

Entre os meus maiores dilemas diários estão ler, ver filmes, ver séries, acompanhar notícias, fazer cursos (estou matriculada em 51265721597841 deles) e além deles ainda há algumas programações culturais que me atraem muito. Às vezes fico fissurada em canais no YouTube também.





Também tem as coisas da casa pra fazer (não vou nem entrar em detalhes se não o post vai ficar só nas minhas reclamações diárias de “essa casa nunca fica limpa, quando eu termino, já preciso começar outra vez”), as atenções que a gente precisa dar pros bichos (e eu tenho quatro, incluindo uma recém castrada que está precisando de muita atenção extra agora).

As conteúdos que me bombardeiam todos os dias, também me fazem sentir muito culpada às vezes por não cuidar mais de mim mesma. Eu queria fazer mais Yoga e eu gosto de caminhar ouvindo música, de boas, não pelo exercício físico, mas pelo exercício mental, sabe? E consigo fazer isso com a frequência que eu gostaria? Vocês sabem a resposta né?

Sem falar em cuidados com a pele (a minha exige bastante, aliás) e que às vezes estou cansada demais pra fazer. Cuidados com a alimentação, ir mais em feiras (de preferência orgânicas), preparar alimentos melhores, etc. Também precisava ter mais tempo pras minhas plantinhas. Eu gosto de cuidar delas, mas às vezes se passam dias sem que eu consiga sequer dar água direito pra elas.

E além dos cursos que estou sempre começando, e que são mais “profissionais” (classifiquemos assim mesmo), tem alguns estudos meus pessoais que eu tenho vontade de fazer, tipo sobre radiestesia e radiônica, as minhas leituras sobre doulagem (que apesar de ter ficado de lado enquanto profissão, segue sendo algo que me interessa e toca o coração), mas que estão sempre ficando pra depois…

Eu ainda me sinto culpada até por esquecer daquela oração antes de dormir ou ao acordar. Nem que seja só pra agradecer e que é algo que me faz bem, mas que as vezes acaba ficando de lado porque o sono chegou antes.

Tem os crochês que eu também gosto, tem os posts do Leia Mulheres e da Casa Espírita, tem os frilas de formatação acadêmica, entre outros projetos profissionais. Mas ainda assim não tem um único dia que eu não pense que eu precisava mesmo achar mais uma renda extra, algo pra fazer de noite, depois do trabalho, pra poder juntar um dinheiro pra minha viagem pro Reino Unido (diva).

E no meio disso tudo ainda preciso achar um tempo pra fazer almoço pro dia seguinte (porque eu levo almoço pro meu trabalho já que não dá tempo de ir pra casa e nem dá pra comer fora todo dia).

Socorro!

Mas o pior é que eu ainda tenho uma situação privilegiada em muitos aspectos, não tenho filhos (ainda) tenho um trabalho de 8 horas por dia, 5 dias por semana apenas (ouvi um amém?!), etc.

Tem pessoas em situação muito pior. Tentando dar conta de muitas coisas mais. Mulheres principalmente, eu sei. E olha… só de pensar eu tenho uma vontadinha de chorar… meu abraço carinhoso, tá?! Se alguém aí do outro lado estiver precisando, inclusive, só chamar que a gente larga tudo pra dar as mãos uns pros outros porque acho que é pra isso que a gente tá aí, né?!

Mas é complicado… Pra todo mundo. E cada um sabe onde o calo aperta. Cada um sabe onde dói mais. Cada um tem seus limites e cada um de nós deveria saber que é impossível fazer tudo o que o mundo tem pra nos oferecer. 

Ainda assim a gente se sente culpado. E não apenas isso, se sente inferior, burro, sente que está ficando pra trás, que é incapaz e por isso que precisa dar um jeito.

Daí, de vez em quando eu acordo motivada (de dar medo!) e me sento diante do meu planner organizando uma semana atochada de tarefas ao ponto de escrever nas bordinhas das páginas. Vou levantar as 5 horas pra caminhar, vou me arrumar melhor pra ir trabalhar, vou trabalhar, vou estudar no intervalo do almoço, vou ler, vou trabalhar mais um pouco, vou pra casa, vou arrumar a casa, vou fazer Yoga, caminhar com os bichos, fazer mais uma aula do curso, ver filme, ver série, ler mais um pouco, cozinhar, ver as notícias, limpar a cozinha, preparar posts, cuidar de mim e ainda dormir cedo, é claro.

Vocês devem imaginar aí como isso funciona bem (só que não), né?

No dia seguinte acordo às 7 horas podre de exaustão depois de ter sonhado a noite inteira com coisas que tenho pra fazer — porque não basta se preocupar acordada, tem que se preocupar no refúgio (apavorante, nesses casos) do sono.

Socorro (mais uma vez, né?)!

E aí, o que a gente faz com isso tudo?

Eu não tenho uma resposta. Não sei o que é melhor.

Só vou seguindo, às vezes em pânico, às vezes tocando o f***-se. Oscilando entre tantas vontades e pressões do mundo. Tentando só não adoecer e às vezes adoecendo igual, neam?!

E só escrevi isso tudo porque tenho certeza de que tá quase todo mundo nesse mesmo barco e, como eu disse antes, espero que a gente possa se ajudar a encontrar a resposta. Espero que a gente possa sentir o abraço, ainda que virtual, de cá pra aí e daí pra cá. Porque isso ajuda! Sim, isso é bom, no meio de tudo.

E espero que a gente se encontre no meio desse mundo louco.

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