Uma das últimas leituras que fiz em 2017 – concluí no dia 31 de dezembro – foi do volume "As parceiras" da escritora santa-cruzense Lya Luft. Esse foi o primeiro romance dela a ser lançado (em 1980) e foi também o meu primeiro contato com a autora. E ele me surpreendeu em diversos aspectos, principalmente porque a ideia que eu tinha dos livros dela era de romances água com açúcar. Mas “As parceiras” passa muito longe disso.
Pra começar, é preciso dizer que ele é um livro triste e por isso pode não ser fácil de ler para algumas pessoas. Ele nos apresenta à personagem Anelise, uma mulher de meia idade que está passando um tempo em um chalé de sua família nas proximidades de alguma praia. Ela narra a história trazendo algumas informações à conta-gotas. É dessa forma que sabemos que ela está passando por um momento difícil de sua vida – apesar de não sabermos logo o que aconteceu – e que ela está refletindo sobre como chegou até ali.
Pode-se dizer que ela busca nesse passado, não apenas seu, mas de três gerações das mulheres de sua família – avó, mãe, tia, irmã, além da melhor amiga morta ainda na infância – uma explicação para o presente e para o caos que se instalou. Dessa forma, passado e presente se intercalam. E o leitor acompanha, nesse ritmo, uma semana da vida da personagem. De domingo, à sábado. E em cada dia são novas lembranças, novas descobertas, novas informações.
"O que se precisava fazer era suster o próprio coração, para que não rebentasse de dor. Encolher-se o tempo todo, para não cair aos pedaços".
A sina da família fica logo visível. Há sempre algo, em algum momento da vida, que diminui a sanidade dessas mulheres. Um marido violento, a falta de uma mãe, a dificuldade em manter relacionamentos, a viuvez precoce, a dificuldade de engravidar, etc. E todas elas buscam algum tipo de refúgio para enfrentar essas dificuldades e lutas externas e internas. Mas em Anelise, a mais nova da família, fica evidente a presença de características de cada uma das mulheres que a antecedeu. Um pouco dos mundos particulares e dos refúgios de cada uma.
E por isso elas são parceiras. Parceiras de vida, de história, de solidão e de sina. E ao lermos o livro, nos tornamos um pouco parceiros da personagem também. Parceiros de reflexão sobre a vida. Eu indico a leitura, portanto. Mas repito o alerta: ele é triste, porque é triste a sina de Anelise.
O LIVRO
Título: As Parceiras
Autora: Lya Luft
Páginas: 128
Editora: Record

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