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Lendo 'As Crônicas de Nárnia' #5 - A viagem do Peregrino da Alvorada

Olá pessoal!

Depois de um período de pausa nas postagens, estamos voltando aos poucos à ativa e chegamos hoje à quinta das sete postagens referentes ao projeto de leitura de "As Crônicas de Nárnia". Vou falar, portanto, do "A viagem do Peregrino da Alvorada". 

A viagem do Peregrino da Alvorada - Créditos: Divulgação

Desde já adianto que sei da existência de um filme a respeito dessa crônica, porém não o encontrei no Netflix como os demais e, portanto, não consegui assisti-lo em tempo hábil para comentá-lo nesse post também. Azar. Não o assisti anteriormente, mas acredito que ele não deve ter tantas mudanças em relação ao livro, assim como os demais, e que provavelmente se saiu muito bem. 

Enfim, vamos à história. 

Preciso começar fazendo um comentário: essa foi, de longe, a crônica mais arrastada pra mim. Não só porque ela é a mais longa em termos de páginas - são 108, dividas em 16 capítulos -, mas porque eu tive que fazer muitas pausas e recomeçar. Em determinado momento cheguei a ansiar pelo fim dela, eu confesso. Mas isso não significa que eu não tenha gostado dela de todo. Pra mim, apenas, a leitura foi um pouco cansativa. 

A história começa com a apresentação um personagem novo, o jovem Eustáquio, um menino metido a sabichão e cheio de si, primo dos irmãos Pevensie - Pedro, Susana, Edmundo e Lucia. É tempo de férias e, enquanto Pedro estuda para o algo como o "vestibular" e Susana viaja com os pais para os Estados Unidos, resta a Edmundo e Lucia passar um tempo na casa desse familiar. 

Eustáquio, o primo - Créditos: Divulgação

O clima não poderia ser pior, porque Eustáquio jamais perde uma oportunidade de ser um menino bastante insuportável, segundo a narrativa do livro. Um de seus passatempos preferidos é inclusive, zombar dos irmãos de suas conversas sobre Nárnia, chamando-os de birutas. 

Então, como é de esperar, em determinado dia Nárnia praticamente vem em defesa dos irmãos. Num desses momentos de discussão um dos quadros da parede do quarto de hóspedes - que mostra a imagem de um barco no meio do oceano - literalmente começa a vazar e encher o quarto de água. Quando menos esperam, as três crianças estão no meio de um oceano, sendo resgatadas pela tripulação daquele barco - chamado de Peregrino da Alvorada - que antes era apenas uma pintura. 

E quem são esses tripulantes? Para a surpresa de Edmundo e Lucia, é ninguém mais, ninguém menos do que o Príncipe Caspian e diversos de seus seguidores e súditos. Esse fato deixa os irmãos muito felizes, mas Eustáquio, por outro lado, fica muito infeliz e rabugento e esse passa a ser seu padrão de comportamento em boa parte da história. 

Refeitos do reencontro, Caspian informa os irmãos que cerca de três anos se passaram desde que eles estiveram em Nárnia pela última vez e que no reino tudo corre muito bem. Ele esclarece que a viagem que fazem naquele momento tem como objetivo buscar notícias dos amigos de seu pai, sete lordes que foram enviados para "Os Mares Ocidentais além das Ilhas Solitárias" para nunca mais voltarem. Os irmãos, é claro, decidem que aquela viagem é também deles. 

É então que começa uma longa trajetória de visitas por ilhas conhecidas e desconhecidas. Não demora muito para que eles encontrem o primeiro dos homens procurados nas Ilhas Solitárias. O reencontro é interessante, porque acontece justamente num momento em que Caspian e os amigos estão em apuros. Descobre-se que o homem ficou na ilha por opção, por ter-se apaixonado, e que não pretende voltar para Nárnia. Descobre-se também que o administrador das Ilhas Solitárias (que pertencem à Nárnia) é um homem mau que permite a escravidão entre outras práticas desumanas. Caspian então se apresenta como rei, destitui o mau administrador e coloca em seu lugar o lorde amigo. Em seguida o grupo segue viagem. 

E segue, segue, segue. 

Não há como narrar aqui detalhadamente cada momento dessa viagem porque isso seria cansativo demais pra mim e pra vocês. Quem leu provavelmente sabe do que estou falando e quem não leu... bom, terão que ler para descobrir. Sei que talvez eu os tenha desanimado um pouco, mas preciso dizer que o fato de eu ter achado cansativo não quer dizer que as experiências de vocês com a leitura não serão muito melhores. 

Mas entre tantos fatos, alguns eu preciso trazer aqui.

Durante essa viagem o grupo percorrerá o mar em direção ao leste e passará por diversas ilhar. E em todas elas há acontecimentos marcantes. Há também trechos de tempestades em alto mar. Tempestades que duram muitos dias e que deixam todos preocupados, cansados, desanimados e desiludidos. Há trechos de muita alegria e esperança, em que o sol aquece a pele e todos se sentem bem. A viagem de barco é como a vida, eu diria. São os percalços do caminho. Coisas de Deus para nos testar, acho que diria Lewis. 

Em uma das ilhas, Eustáquio acaba se afastando dos demais por não querer ajudar com a arrumação do acampamento e acaba se transformando num dragão. Essa acaba sendo uma experiência muito importante para ele, porque é quando o menino finalmente passa a perceber quem ele era e o quão real é Nárnia e a vida ali. Ele se transforma como pessoa depois disso e passa a ser um Eustáquio corajoso, leal, amigo e uma companhia muito mais agradável.

Eustáquio ladrão no filme - Crédito: Reprodução

Em outra dessas ilhas eles encontram um lago que transforma tudo o que nele cai em ouro. O lugar é bonito e tentador, mas também muito perigoso. Tanto que a estátua em ouro de um dos lordes procurados pode ser vista no fundo da água cristalina. 

Em seguida o grupo se depara com uma ilha onde há seres invisíveis. Os tripulantes do navio chegam a temer esses seres, mas logo descobrem que eles só querem ajuda para voltarem a ser visíveis como foram um dia. Descobre-se que eles foram encantados por um mágico que os transformou em seres esquisitos e que diante de sua nova feiura, eles mesmos procuraram uma magia que os deixassem invisíveis. Eles conseguiram realizar o desejo, mas passado algum tempo, eles se arrependeram, porque era realmente ruim eles apenas ouvirem as vozes uns dos outros. 

A única pessoa que pode ajudá-los então é Lucia - por ser uma menina pura - que pode "ir lá em cima" buscar uma nova magia no livro do mágico. É o que ela prontamente decide fazer. Chegando lá ela se depara com um livro também tentador, cheio de mágicas que a tornaria mais bela ou que a permitiria saber do pensamento alheio. Ela encontra também a magia para desencantar os seres invisíveis e quando está prestes a ir embora se depara com Aslan que a leva até o mágico. Ela descobre então que ele não passa de um senhorzinho bondoso, que apenas castigou os seres "de baixo" porque esses não queriam cumprir com suas tarefas naquela ilha e insistiam em ser tolos, vazios e ignorantes. 

A ilha seguinte é escura e assustadora. É o lugar onde os sonhos, sejam quais forem, se transformam em realidade. Eles entram nela por curiosidade e acabam encontrando outros dos lordes perdidos ali. Mas quando tentam sair percebem que estão perdidos. Lucia pede ajuda a Aslan em pensamento e esse vem na forma de um grande pássaro guiá-los pelo caminho da luz em direção ao mar aberto novamente. 

Então é chegada a vez da ilha onde estão os outros três lordes desaparecidos. Eles são encontrados dormindo um sono profundo junto a uma mesa onde está servido um banquete. Caspian, Edmundo e Lúcia ficam então sem saber o que fazer para acordá-los e nesse momento são recepcionados por uma jovem muito bela e seu pai, que se apresenta como uma "estrela aposentada".

Essa estrela lhes explica que para quebrar o encantamento o grupo precisa ir até o Fim do Mundo e que uma das pessoas da tripulação não poderá voltar de lá. Então eles serão despertados. Eles explicam também que, na verdade o fim do mundo não está longe, é apenas um pouco mais ao leste.

Depois de deliberarem um tempo eles decidem seguir até o Fim do Mundo e o pequeno Ripchip, o mesmo ratinho da história anterior, se prontifica a ficar no fim do mundo porque é o que ele sempre mais quis em sua vida.

- Aqui preciso fazer um adendo. Não sei se entendi bem o que é o Fim do Mundo de Nárnia. Fiquei pensando em possíveis referências e não quero apontar uma sem ter certeza do que estou falando. Mas se alguém ai souber, fique à vontade para me dizer. -

O grupo então parte mais uma vez e descobrem que a caminho do Fim do Mundo há muitas belezas. A água do mar deixa de ser salgada e passa a ser cada vez mais cristalina. No fundo, é possível ver as habitações de seres semelhantes a sereias. Eles também percebem que o sol está cada vez maior e o horizonte cada vez mais branco.

Eles seguem, seguem e então chegam na parte branca, que descobrem ser feita de lírios e continuam seguindo até que chega o momento das despedidas. Ripchip terá que ficar e Caspian voltar para a filha do homem estrela porque assim prometeu a ela. Edmundo, Eustáquio e Lúcia decidem que irão com Ripchip porque é chegada a hora de voltarem para o seu mundo - não sei como eles sabem que seguindo irão para o mundo deles, mas eles sabem.

E nessa parte, bom... Nessa parte eu fiquei feliz de ter persistido na leitura, porque o fim dessa crônica foi um dos que mais me emocionou.

No Fim do Mundo então eles se percebem em uma espécie de praia e ao longe eles conseguem ver o país de Aslan. Eles também encontram o próprio Aslan e esse informa que Lucia e Edmundo não mais voltarão à Nárnia porque eles agora são muito grandes para isso. Ele garante que também vive  em nosso mundo - onde tem um nome diferente - e que eles nunca devem deixar de buscar Aslan agora que o conhecem, porque ele sempre estará lá para auxiliá-los quando necessário.

É bastante triste esse fim, porque me apeguei bastante a esses personagens e pensar em despedidas... é sempre triste. Também é triste a partida de Ripchip que se vai abanando em seu pequeno bote até desaparecer nas ondas. Dele nunca mais se tem notícias, mas acredita-se que ele tenha chegado e vivido para sempre no país de Aslan como ele sempre quis.

A despedida de Ripchip no filme - Créditos: Reprodução

E Caspian? Bom, ele volta como prometido e se casa com a filha do homem estrela com quem tem vários filhos que serão um dia reis de Nárnia também. E com ele, voltam aqueles lordes que ele conseguiu encontrar com vida, inclusive aqueles que estavam adormecidos.

Esse é o fim. 

CONSIDERAÇÕES

Então, como eu disse, essa foi uma história um pouquinho arrastada pra mim, porque achei que eles passam por muitos lugares, ilha após ilha, viajando pelo mar sempre. Há bastante ação na história, mas foram acontecimentos demais para uma única crônica. Em cada ilha uma nova situação, um novo problema, uma nova descoberta. É legal. Mas foi um pouco demais. 

Mas o fim foi muito interessante, em muitos aspectos. Ele é bonito e faz uma justa despedida aos irmãos Pevensie que passaram tanto tempo se aventurando em Nárnia para o nosso deleite - eles estão na maior parte das histórias até aqui. Esse fim também tem os tradicionais elementos religiosos apresentados de uma forma bonita. 

Vejo a despedida das crianças e de Aslan como uma passagem para a vida adulta. Essas crianças tiveram a oportunidade de conhecer Deus e Jesus na infância e agora terão que viver a realidade com mais intensidade, porque já estão grandes. Mas elas não devem esquecer as coisas que aprenderam, não devem deixar de lado a fé que eles aprenderam a ter. Devem buscar Deus onde estiverem, porque ele sempre estará lá. Essa é a lição que C. S. Lewis queria passar, acredito eu.

Aslan é, portanto, mais do que nunca uma representação divina. Como já vinha acontecendo nas crônicas anteriores, nessa isso também fica muito claro. 

Mas ele também aparece em certo momento como uma representação do Espírito Santo, se eu não estiver enganada. Na Ilha da Escuridão, aquela onde os sonhos se transformam em realidade, um pássaro vem dos seus, abrindo caminho pela escuridão para guiá-los. Isso não seria o Espírito Santo? E Lucia ouve a voz de Aslan no canto do pássaro, então...

Enfim, acredito cada vez mais que Aslan representa a tríade Deus, Jesus e Espírito Santo como eu já tinha ouvido falar que era.

Mas Aslan não é o único aspecto religioso. Essa história me pareceu, entre todas, a que mais referência bíblicas têm. Tanto que elas parecem me escapar por entre os dedos, sabe? 

Mas a verdade é que meus conhecimentos bíblicos não são tantos quanto eu gostaria nessa hora e portanto, muita coisa me escapa mesmo. Muitas delas, eu aposto, nem faço ideia de que estão ali.

Acho, por exemplo, que essas ilhas e esses sete homens que são procurados representam algo, mas não sei exatamente o quê? 

Há também a conversão de Eustáquio. Ele é claramente o ateu que passa a crer em Deus. No início da história ele é um menino das ciências, um menino cheio de conhecimentos práticos, sabichão, mas é um menino odiado por todos. Já no fim da história ele crê em Deus e passa a ser um menino bonzinho, de quem todos gostam. Apenas sua mãe (também ateia) acha que ele se tornou ignorante por conviver com os primos (religiosos). 

Lewis se puxou aqui e forçou um pouco a barra né?! Alimenta a briga entre a ciência e a religião. Tipo assim: só são bons e queridos aqueles que acreditam em Deus. Homens da ciência são maus e presunçosos. 

Que isso? Ele era um professor universitário e não deveria ter esse tipo de pensamento. Mas ok. Eram outros tempos. Ou, pra falar a verdade, nem tão outros assim, né?! Mas eu, particularmente, acho que isso não é aceitável mais. 

Enfim... 

A profecia de Aslan sobre a volta dos irmãos também se cumpriu. Apenas os dois mais novos voltaram à Nárnia, o que reforça a ideia de que Nárnia é para os inocentes apenas. Coisas sobre as quais conversamos no post anterior. 

O tempo também passou de forma diferente dessa vez. Na história anterior um ano do nosso mundo representava centenas de anos em Nárnia. Milhares, talvez. Nessa história passou apenas três e eu, que procurava um padrão, me vi perdida. Hahaha. Mas acho que é assim mesmo. Isso é fantasia afinal e Lewis talvez quisesse dizer que "o tempo de Deus é diferente e nós não temos que tentar entender isso". 

Como vocês podem ver, depois dessa leitura, vejo referência bíblicas e divinas em cada coisinha relacionada a Lewis. 

Talvez ele quisesse que fosse assim mesmo. Vai saber...

Então, por hoje é isso. 
Me contem nos comentários o que acharam dessa história. 
Se vocês tiverem percebido alguma referência diferente ou que eu esqueci de citar, me contem também. 

Desde já adianto que essa, apesar de ter sido uma história cansativa pra mim, será uma história que em breve pretendo ler novamente. Desta vez com o intuito de entender mais e melhor essas referências bíblicas. Acho tudo isso muito interessante. Não apenas pelas questões religiosas, mas para entender a história e a escrita de Lewis. 

Antes de me despedir definitivamente, porém, vou deixar aqui um link que traz algumas teorias a respeito dessa crônica e sua mensagem bíblica. Beleza? Quem tiver curiosidade de saber um pouco mais, fique à vontade. 

Agora sim! 
Um beijo.


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