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4 livros para se empoderar

Nesta quinta-feira, dia 8 de março, celebra-se o dia internacional da mulher. Além de uma forma de homenagem, a data serve também como uma forma de se discutir e de aprender mais sobre o papel da mulher na sociedade. E pra começar essa discussão, nada melhor do que um bom livro. Pensando nisso, a Giovanna Luna da Virta Comunicação separou quatro sugestões de leitura. 

Confere ai: 


A Política Sexual da Carne
Carol J. Adams

Nessa obra, a autora, Carol J. Adams, analisa as ligações estreitas entre os movimentos sociais feministas e as práticas vegetarianas. Seja para destacar-se do restante dos seres vivos ou para afirmar sua masculinidade e virilidade, o homem branco e hétero fez com que o consumo da carne traga em suas raízes o machismo. A autora mostra que, ao enxergar a existência dos pontos de intersecção entre a forma com que as sociedades patriarcais tratam a mulher e os animais, os leitores entenderão também, que combater a violência praticada contra esses dois grupos é o único caminho para uma sociedade mais igualitária. 




Um teto todo seu
Virginia Woolf

O livro nasceu a partir de duas palestras chamadas “As mulheres e a ficção”, proferidas por Virginia para a plateia essencialmente feminina da Sociedade das Artes, na Londres de outubro de 1928. O texto de Virginia tem a qualidade estupenda de seus livros da época. Mrs. Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928) foram seus predecessores; As Ondas (1931) deu continuidade à série de obras-primas. O livro, escrito nove anos após as mulheres obterem direito de voto na Inglaterra, é uma ampla análise da situação da mulher e de sua relação com o dinheiro. Virginia Woolf insiste em que as mulheres precisam de duas coisas para criarem uma nova literatura: um teto todo seu, ou seja, um quarto que pudesse ser trancado à chave para escrever, e uma renda de aproximadamente 500 libras anuais. Para tanto, a mulher deveria trabalhar (Virginia fazia parte da Liga do Trabalho Feminino) a fim de obter alguma independência.


O lado invisível da economia
Katrine Marçal

Escrito pela jornalista sueca Katrine Marçal, O lado invisível da economia questiona o modelo masculino do pensamento econômico e discute como a economia ignora o trabalho duplo das mulheres ao gerir carreira e família. “Os homens sempre tiveram permissão para agir em nome do interesse pessoal – tanto na economia quanto no sexo. Para as mulheres, essa liberdade é um tabu. […]. As mulheres nunca tiveram permissão para ser tão egoístas como os homens. Se a economia é a ciência do interesse pessoal, como a mulher se encaixa nela?” (Trecho do livro)

Considerado o Freakonomics feminista, o livro questiona o modelo masculino do pensamento econômico, explicando como as bases teóricas da economia ignoram a mulher, cujo papel era cuidar do lar. Séculos depois, essa mesma lógica continua excluindo a mulher, que precisa fazer jornada dupla ao gerir carreira e família. Com linguagem envolvente e perspicaz, e recheada de dados, a autora explica o funcionamento do mercado baseado na figura do homem econômico e defende que a única solução para uma sociedade mais igualitária é um pensamento econômico mais feminista.


O pomar das almas perdidas 
Nadifa Mohamed

Ambientado na cidade de Hargeisa, na Somália, às vésperas do conflito que engoliu o país, O pomar das almas perdidas conta a história de violências e perdas de três mulheres de gerações distintas. Deqo, Kawsar e Filsan se encontram pela primeira vez em um estádio, na festa de aniversário da revolução que colocara no poder uma ditadura militar. Aos 9 anos, Deqo, que só conhecia a existência no campo de refugiados onde nascera, fará uma apresentação de dança e por ela receberá um desejado par de sapatos. Mas ela erra a coreografia e recebe uma punição. Das arquibancadas, a viúva Kawsar, em seu eterno luto pela morte da filha adolescente, vê a agressão e decide intervir. É presa por Filsan, uma jovem soldado ambiciosa que em breve aprenderá uma lição dura sobre si mesma e o mundo dos homens. Os eventos que se desenrolam do momento da prisão de Kawsar até a volta de Filsan à delegacia são dramáticos e determinantes do que virá a seguir.

O livro acompanha então a vida de cada uma das mulheres. Deqo se perde pelas ruas da cidade, perambulando pelas bancas do mercado até encontrar refúgio na casa de prostitutas. Machucada, impossibilitada de se mover, Kawsar volta para seu bangalô e passa a viver com a ajuda de uma jovem. Filsan retorna ao quartel e ao seu trabalho de patrulha. Nesse momento, a narrativa cresce e ganha uma qualidade poética admirável, para a qual muito contribui a musicalidade das palavras somalis sussurradas aqui e ali.

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