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As Crônicas de Nárnia | C. S. Lewis

Olá pessoal, tudo?

Bom, terminado o projeto de leitura das sete Crônicas de Nárnia, é chegada a hora de fazer uma resenha geral de tudo o que foi lido. Esse texto, diferentemente dos anteriores, é mais voltado para aqueles que não leram ainda as histórias. Vou tentar não dar spoilers. 

A edição que eu li é da editora Martins Fontes e traz todas as crônicas em um único volume. Ele tem cerca de 750 páginas, coda uma das crônicas com pouco mais de 100 páginas. Todas elas foram publicadas por C. S. Lewis na década de 1950 e possuem em comum, como já diz o nome, o fato de se passarem em um mundo "paralelo" ao nosso, chamado Nárnia. 

Minha edição de "As Crônicas de Nárnia"

As crônicas estão dispostas de forma cronológica, apesar de essa não ter sido exatamente a ordem de publicação. A primeira delas, "O Sobrinho do Mago", trata da criação de Nárnia, da primeira viagem até lá, do primeiro aparecimento de Aslam, e da Feiticeira Branca. A segunda crônica, "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", aborda o fim do reinado de gelo da Feiticeira Branca e o início do reinado dos quatro irmãos Pevensie (Pedro, Susana, Lúcia e Edmundo), durante aquela que foi chamada de Era de Ouro de Nárnia.

A terceira história, "O Cavalo e seu Menino" num primeiro momento nada parece ter a ver com os grandes reis que acompanhamos até então, mas se trata de uma história que se passa nos reinos vizinhos de Nárnia, importante para contextualizar e apresentar esses lugares ao leitor, já que mais tarde, em outras crônicas, Nárnia enfrenta problemas com eles. Nessa crônica acompanhamos as aventuras de um menino e de um cavalo falante. Ambos são escravizados e resolvem fugir em direção à Nárnia.

Edição individual de "O Cavalo e seu Menino"

A quarta história é a do "Príncipe Caspian", um jovem que tem seu trono tomado por seu tio depois da morte dos seus pais e que luta para retomá-lo com a ajuda dos narnianos e dos irmãos Pevensie que retornam à Nárnia em seu auxílio. Em seguida, na quinta crônica, "A viagem do Peregrino da Alvorada", temos uma continuação da história de Caspian, agora rei. Ele sai de seu castelo em Nárnia (Cair Paravel) e parte para aventuras no leste em um barco. Seu objetivo é encontrar ou descobrir o que aconteceu com os amigos de seu pai enviados ao exílio anos antes. Ao lado de crianças humanas, ele descobre muito mais do que isso, porém. 

A sexta crônica, chamada "A cadeira de prata" se passa algumas décadas depois, quando Caspian já é um velho rei. Seu filho está desaparecido há 10 anos e ele não sabe quem reinará em seu lugar quando ele morrer, o que deve acontecer em breve, pois já está fraco e doente. Assim como nas outras histórias, crianças humanas desembarcam em Nárnia enviadas por Aslam para ajudar a encontrar o príncipe perdido. 

E por fim, a crônica "A última batalha" se passa muitas décadas depois da morte de Caspian e de seu filho, quando impostores fingem ser Aslam e tentam governar Nárnia em seu benefício. O verdadeiro rei pede auxílio das crianças humanas em orações e essas são levadas à Nárnia. Depois disso, porém, Aslam, o verdadeiro Grande Leão, decide que é chegada a hora do fim de Nárnia. E essas são, resumidamente, as sete crônicas. 

Aslam, o Grande Leão, representação de Deus, Jesus e do Espírito Santo na história - Créditos: Reprodução

É difícil escolher uma história preferida, porque todas possuem seus elementos interessantes, porém, acho que aquela que mais me agradou foi mesmo a história do "Príncipe Caspian". Em seguida, "O Sobrinho do Mago" e então, "A última batalha". A mais enfadonha foi, de longe "A viagem do Peregrino da Alvorada". Me pareceu a mais arrastada de todas as histórias, apesar das muitas aventuras vividas pelo grupo.

Meu personagem favorito foi de longe Ripchip, o rato. Ele aparece em "Príncipe Caspian" e em "A viagem do Peregrino da Alvorada". Ele é um dos súditos mais fiéis de Caspian e adorei a valentia dele, seu senso de amizade, de justiça e de responsabilidade, seu sacrifício em prol dos demais. Por outro lado, não gostei muito do Rei Pedro e da Rainha Susana. Achei suas participações apagadas, sem graça e suas personalidades muito longe das de Grandes Soberanos como eles eram.

O valente Ripchip - Créditos: Reprodução

De um forma geral posso dizer que Lewis não era e não passou a ser meu autor favorito. Acho seus textos excessivamente evangelizadores. Especialmente depois que começa a se observar alguns elementos, como mostrei nas postagens semanais das crônicas. Quer dizer, ele queria mesmo evangelizar através de suas histórias, isso não é novidade, e é interessante a forma como ele escolheu fazer essa evangelização, mas acho que ela ficou exagerada. De toda a forma, porém, é preciso dar mérito a ele, porque ainda assim suas histórias ficaram muito interessantes. Também é inegável sua importância e contribuição com um autor da literatura fantástica

Preciso dizer ainda, entretanto, que se essas histórias fossem lançadas nos dias de hoje elas não seriam tão bem aceitas, porque elas tem algumas questões bem delicadas intrincadas nelas. Sem querer querendo, Lewis incentiva uma discussão religiosa infundada. "Apenas meu Deus é bom, apenas minha religião é a boa. Eu estou certo, vocês errados. Se convertam e não se desviem nunca ou vocês serão maus". Isso não cabe mais nos dias de hoje. Temos, aliás, que lutar contra isso.

E por isso, acho delicado que crianças leiam essas histórias. Dependendo do nível de astúcia, certas coisas podem ser relevadas ou entendidas da forma errada. 

Mas enfim, voltando à edição, posso dizer que a considerei muito bonita. As imagens que vão ilustrando os inícios de capítulos são bastante importantes para contextualizar as histórias. Elas ajudam o leitor a criar suas próprias imagens dos personagens. Também não podemos esquecer que é um livro infantil e que, portanto, texto corrido, sem as pausas que essa imagens proporcionam, seria menos interessante.

A cronologia das crônicas também me parece algo importante. Facilita o entendimento do contexto da história como um todo. Do início ao fim de Nárnia. Mas a ordem de publicação (confira abaixo), também não é ruim.

ORDEM DE PUBLICAÇÃO DAS CRÔNICAS

1950 - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
1951 - Príncipe Cáspian
1952 - A viagem do Peregrino da Alvorada
1953 - A cadeira de prata
1954 - O Cavalo e seu Menino
1955 - O Sobrinho do Mago
1956 - A última batalha

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E então pessoal? O que vocês acharam das Crônicas de Nárnia? 
Eu gostei bastante e super indico a leitura pra todas as pessoas. 

Apesar da forte evangelização, ler esses textos não fará mal a ninguém. Além do mais, sempre é possível ler apenas como uma história fantástica, sem procurar compreender as alegorias e o que representa cada um dos personagens. 

De toda forma acho que é importante a compreensão desse tipo de história para que se compreenda cada vez mais a própria literatura. Essas crônicas fizeram e ainda hoje fazem muito sucesso, são praticamente clássicos. 

Deixo então o convite e sugiro que leiam. Sugiro também que após a leitura confiram os apontamentos que eu fiz sobre cada uma das histórias. Também sugiro que cada leitor busque ainda mais informações sobre o que está por trás dessas histórias. Além disso, ler alguma biografia de Lewis também pode ajudar nessa compreensão. Eu li uma há alguns anos e de fato fez a diferença. Assim que possível vou ler novamente para resenhar pra vocês. 

Beleza?
Por hoje é isso, então. 
Espero que tenham curtido tanto quanto eu. 
Vamos para o próximo projeto de leitura? Na semana que vem apresento ele melhor pra vocês, mas desde já adianto que ele terá algo a ver com um grande amigo de Lewis. 
Sabem quem é? 

Beijos!

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