E ai pessoal, tudo certo?
Hoje é sexta e sexta é dia de Crônicas de Nárnia. E nessa sexta-feira, dia 2 de março, chegamos à sexta das crônicas escritas e publicadas por C. S. Lewis na década de 1950, chegamos até "A Cadeira de Prata". Essa história possui - na minha edição, da Martins Fontes - 104 páginas e foi dividida em 16 capítulos. E eu simplesmente adorei.
Vamos à apresentação dela?
No fim da quinta crônica os irmãos Pevensie mais jovens, Lucia e Edmundo, se despedem de Nárnia e de Aslam sabendo que não mais voltarão para aquele mundo. Com eles estava Eustáquio, o primo que "se converteu" ao mundo de Nárnia. Na sexta crônica, um dos personagens principais é justamente Eustáquio, alguns meses mais velho.
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Capa de A Cadeira de Prata - Foto: Divulgação |
Mas a história não começa com ele, e sim com a menina Jill Pole. Ela está na escola onde estuda, um lugar que ela odeia porque é onde sofre todo o tipo de bullying por parte dos colegas. Em função disso, no momento em que a história começa ela está escondida em um canto do pátio, atrás de um ginásio de esportes, onde busca um sossego para chorar sem que ninguém a veja. De repente, porém, um menino de sua turma aparece.
É ai que entra Eustáquio - mas num primeiro momento não sabemos que é ele. Ele caminha até Jill e pergunta o que aconteceu com ela, e se a tristeza é por causa dos colegas. Jill se surpreende com a atitude do menino, lembrando que até o ano anterior ele não costumava ser uma pessoa agradável, assim como muitos de seus colegas. Eustáquio então confessa que durante as férias algumas coisas aconteceram com ele. Sob a promessa de que Jill guarde segredo, ele lhe conta sobre Nárnia.
Não demora para que ambos desejem ir para o outro mundo porque Eustáquio, agora mudado, também não gosta mais da escola. Ele resolve fazer uma tentativa de chamar Aslam, no que é seguido por Jill. Nesse momento, porém, eles ouvem vozes e com medo de serem encontrados naquele local eles correm para um pequeno bosque que há no fundo do pátio da escola até que chegam no muro que delimita o terreno da escola.
Nesse muro há um portão. Eles não têm muita expectativa de que esteja aberto, entretanto fazem uma tentativa verificando que, de fato, estava fechado. Mas nesse momento eles percebem que foram seguidos e que as vozes se aproximam. Desesperados eles tentam abrir o portão novamente, e dessa vez ele está destrancado. O que encontram, porém, não é a continuação do pequeno bosque, como esperavam, mas uma floresta diferente, com árvores imensas e um silêncio profundo. Eles percebem que não estão mais no mesmo mundo.
Durante um tempo eles caminham por entre as árvores na esperança de chegar a algum lugar. Então eles se deparam com um precipício gigantesco, quase sem fim. Num momento de distração e bobeira das crianças, Eustáquio acaba caindo no abismo. Jill se desespera, mas então percebe que há alguém ao seu lado soprando. Esse sopro faz com que eu Eustáquio flutue para muito longe. Quando Jill se vira, se depara com um enorme leão.
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Capa da crônica na edição da Martins Fontes - Crédito: Luana Ciecelski |
É Aslam, é claro. Ele explica que Eustáquio foi soprado para Nárnia e que ela deverá segui-lo em breve. Antes disso, porém, passa a ela uma missão: o rei de Nárnia está velho e seu filho desapareceu há cerca de 10 anos sem que ninguém fosse capaz de encontrá-lo. Mas ele está vivo e é hora de voltar para assumir seu trono. A sucessão, aliás, é uma das maiores preocupações desse rei, que tem tido sua vida sugada por esse problema. Ela e Eustáquio, porém, devem ir para Nárnia e devem procurar pelo príncipe.
Para auxiliá-los, Aslam dá a Jill quatro sinais que deverão guiá-los na busca.
"Primeiro: logo que Eustáquio colocar os pés em Nárnia, encontrará um velho e grande amigo. Deve cumprimentar logo esse amigo; se o fizer, vocês dois terão uma grande ajuda. Segundo: vocês devem viajar para longe de Nárnia, para o Norte, até encontrarem a cidade em ruínas dos gigantes. Terceiro: encontrarão uma inscrição numa pedra da cidade em ruínas, devendo proceder como ordena a inscrição. Quarto: reconhecerão o príncipe perdido (caso o encontrem), pois será a primeira pessoa em toda a viagem a pedir alguma coisa em meu nome, em nome de Aslam".
Dito isso, Aslam assopra a menina para Nárnia também e essa vai parar em uma praia onde se encontra Eustáquio. Eles logo percebem que algo está acontecendo naquele local, porque há muitos seres reunidos em torno de um barco e o rei está embarcando. Parece que ele vai partir. No meio dessa confusão, Jill só consegue passar o recado de Aslam para Eustáquio depois que o barco já partiu. Quando descobre o que Aslam disse, Eustáquio vai até um anão que está ali próximo e descobre que o rei que está indo ao longe é Caspian X, seu velho amigo, e que portanto, o primeiro sinal foi perdido.
Eles conversam com o anão (que é ninguém menos do que Trumpkin, agora muito velho e surdo) e explicam que foram enviados por Aslam para procurar o príncipe perdido. Trumpkin compreende e convida a dupla para cear e passar a noite no castelo de Cair Paravel. Eles aceitam, é claro, porque Eustáquio, apesar de não ter conhecido Trumpkin, já tinha ouvido falar muitas coisas boas do anão.
No meio da noite, porém, as crianças são acordadas por uma coruja chamada Plumalume. Ela leva as crianças até o alto de uma torre onde está acontecendo uma reunião de corujas. Lá Jill e Eustáquio ficam sabendo que, se não partirem imediatamente para buscarem o príncipe, ficarão presos no castelo. Trumpink não deixaria que eles partissem. Não por traição ao rei, mas por medo de que eles também morressem na tentativa de encontrar o príncipe desaparecido.
As corujas também contam como se deu o desaparecimento do príncipe - chamado Rilian. Num determinado dia de primavera, 10 anos antes, o príncipe e sua mãe, a rainha, foram passear nos campos ao norte de Nárnia. Nesse lugar a rainha acabou sendo picada por uma serpente, e logo se viu que não havia o que fazer. A rainha morreu e seu corpo foi levado de volta a Cair Paravel. Tomado de fúria, porém, Rilian decidiu ir atrás da cobra para vingar sua mãe. Depois de uma primeira tentativa fracassada ele voltou ao castelo, mas logo depois anunciou que voltaria ao norte.
O príncipe então foi aconselhado a deixar a vingança de lado. Mas esse explicou que não estava voltando lá por motivo de vingança e sim porque vira uma criatura belíssima no meio da mata e agora, gostaria de vê-la mais uma vez. Tratava-se de uma mulher misteriosa e de fato bela e não houve o que mudasse a vontade do príncipe. Depois desse dia, porém, nunca mais se teve notícias dele.
As crianças concordam então em partir imediatamente e logo arranjam uma companhia. Um "paulama", um ser de pernas e braço compridos e pés semelhantes a de patos, chamado Brejeiro iria servir de guia até o norte. E assim eles fazem. Jill e Eustáquio logo percebem que Brejeiro é um tanto quanto negativo, pessimista, desconfiado de tudo e todos, mas sabem também que ele parece boa gente.
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Brejeiro, Eustáquio e Jill em sua jornada rumo ao norte - Créditos: Divulgação |
Assim o trio segue seu caminho durante um bom tempo. Eles percebem que o frio está começando a aumentar, porque eles estão indo para o norte e porque o inverno está se aproximando. Conforme estão cansados e com os pés doendo, eles também começam a se perguntar quanto falta para chegar nas velhas ruínas. Logo se deparam, porém, com um grupo de gigantes. Isso não os surpreende muito, porque eles foram avisados que o norte era habitado por esses seres, mas isso não os impede de ficarem assustados, porque o grupo parece um tanto quanto descivilizado. Dessa forma, eles tratam de seguir seu caminho ligeirinho.
Mais adiante eles se deparam com uma velha e larga ponte que cruza por cima de um grande rio. Eles percebem então que não devem mais estar tão longe das ruínas, afinal é possível que os mesmos construtores das ruínas tenham construído a ponte há muito tempo. Quando eles estão prestes a terminar a passagem pela ponte, se deparam com duas estranhas figuras: um silencioso cavaleiro de armadura e uma dama belíssima.
As crianças e o paulama param para cumprimentar as figuras, mesmo achando-as estranhas e travam breve conversa com a dama. Mesmo um pouco desconfiados, eles explicam para onde estão indo na esperança de obter alguma ajuda e a mulher, vendo que o trio estava com frio, os orienta a procurar os amáveis gigantes que vivem no castelo de Harfang. Esse castelo, segundo ela, fica no caminho para as ruínas e os gigantes de lá são muito diferentes daqueles que o trio encontrou pelo caminho. Ela ainda dá uma orientação ao trio:
As crianças e o paulama param para cumprimentar as figuras, mesmo achando-as estranhas e travam breve conversa com a dama. Mesmo um pouco desconfiados, eles explicam para onde estão indo na esperança de obter alguma ajuda e a mulher, vendo que o trio estava com frio, os orienta a procurar os amáveis gigantes que vivem no castelo de Harfang. Esse castelo, segundo ela, fica no caminho para as ruínas e os gigantes de lá são muito diferentes daqueles que o trio encontrou pelo caminho. Ela ainda dá uma orientação ao trio:
"Diga-lhes que Ela, a Dama do Vestido Verde, manda lembranças e duas crianças do Sul para a Festa do Outono"
Segundo ela, essa frase tornaria os gigantes ainda mais receptivos.
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A Dama do Vestido Verde e seu silencioso cavaleiro - Foto: Divulgação |
Assim, o pequeno grupo segue viagem rumo ao norte. Está cada vez mais frio e o trajeto pedregoso é cada vez mais dolorido aos pés. Uma nevasca não demora a atingi-los para piorar ainda mais a situação. Mas então eles veem ao longe uma construção - que não se parece tanto quanto eles imaginavam com um castelo, mas que só pode ser o tal de Harfang.
Tempo depois eles batem a porta, dando a senha da Dama do Vestido Verde, e de fato, são tratados quase como reis e rainhas. Eles recebem banho e comida quente, além de camas confortáveis onde dormir. Entretanto, eles perderam mais dois dos sinais dados por Aslam e logo se dão conta disso. Ao olhar pela janela do castelo, ele veem que abaixo, o caminho pedregoso pelo qual passaram para chegar à Harfang nada mais é do que as ruínas, e que essas pedras juntas, olhando de cima, escrevem a palavra: debaixo de mim.
Para agravar sua situação, não demora para que eles descubram que algo está errado com essa Festa do Outono dos gigantes e que na verdade, a tal Dama os mandou para a morte porque os "amáveis" gigantes estão pensando em fazer com eles, uma tradicional receita de pastelão de carne humana.
Só então eles se dão conta de que estão em enorme perigo e que precisam fugir dali o mais rápido possível. Há uma série de dificuldades, como por exemplo, a altura das maçanetas e o peso das janelas, mas em determinado momento de distração dos gigantes eles conseguem sair do castelo. Não demora para que percebam sua fuga e comecem a correr atrás do trio, mas as crianças e Brejeiro encontram uma fenda entre duas pedras existentes no caminho pedregoso que fizeram para chegar a Harfang, e se enfiam ali, não podendo mais ser alcançados.
A fenda, logo se vê, dá para uma espécie de túnel que Jill, Eustáquio e Brejeiro resolvem seguir. Nesse caminho eles se deparam com seres tristonhos e estranhos, que se parecem com duendes/anões de variados tamanhos e que se autodenominam terrícolas. Eles explicam para as crianças que aquele é o Submundo ou Reino Profundo e que eles devem ser levados diretamente até a rainha.
Inicia então uma longa viagem por baixo da terra, ou, como chamou Lewis, uma "viagem sem sol". Eles percorrem túneis grandes e estreitos, lugares secos e úmidos, frios e quentes, e até atravessam de barco uma espécie de grande lago subterrâneo, até que chegam aos aposentos da rainha. E quem os recebe? Aquele mesmo cavalheiro silencioso que eles encontraram na estrada dias antes junto da Dama do Vestido Verde.
O homem convida as crianças e o paulama para uma refeição e as crianças aproveitam a oportunidade para questionar a intenção da Dama ao enviá-los aos gigantes. O cavaleiro, porém, teima em defendê-la. Brejeiro também fala que estão procurando Rilian, e que segundo as instruções de Aslam, ele deve estar naquele lugar. O cavaleiro nega que qualquer príncipe viva ali e até mesmo afirma não saber quem é Aslam ou mesmo Nárnia.
Depois da refeição, o cavaleiro explica que os jovens terão que sair da sala, porque em determinado horário do dia - horário que se aproximava - ele sofre terrivelmente com uma maldição que lhe foi jogada, ficando incontrolável em suas emoções e atitudes, e muitas vezes até agressivo. Ele aponta que, por esse motivo, precisa ser amarrado diariamente naquele horário. As crianças concordam em se afastar, mas pedem para ficar em uma sala ao lado, pois estão curiosas para ver que maldição é essa.
O homem concorda e logo é amarrado em uma Cadeira de Prata - nome da crônica - antes dos três partirem o príncipe ainda pede que em hipótese alguma seja desamarrado, diga o que ele disser, porque assim, segundo os estudos curativos da Dama do Vestido Verde, é mais seguro. As crianças concordam.
Passam-se então alguns minutos e eles percebem, através da porta, uma mudança na voz do homem. Ele parece estar com uma consciência diferente e questiona-se sobre o tempo que está nesse mundo sem sol, embaixo da terra, com aqueles seres. As crianças cruzam a porta e se aproximam do homem, para ver mais de perto o que está acontecendo. Ele então é tomado por uma fúria e pede que o soltem, que o deixem ir embora daquele lugar. Jill, Eustáquio e Brejeiro, se negam é claro, porque o próprio cavaleio alertou que isso aconteceria.
Mas então, quando as crianças estão prestes a deixá-lo em sua fúria, ele pede em nome Aslam que o escutem e o tirem dali porque ele não é desse mundo. E nesse momento, Jill e Eustáquio se lembram do último dos sinais de Aslam. Eles encontrariam o príncipe Rilian, porque ele seria a primeira pessoa em toda a viagem que falaria no nome de Aslam.
Eles percebem então que estavam cometendo um grande erro e correm para soltar Rilian. Esse explica então que na verdade, naquele horário ele não tem surtos causados por uma maldição, naquele horário ele tem consciência e volta a ser quem ele era, com suas lembranças, sua personalidade. Rilian destrói a cadeira de prata onde estava sentado, como se aquilo fizesse parte do encantamento. Eles estão pensando em como sair quando, de repente, a porta é aberta e a Dama entra.
Ela, é claro, procura impedir a saída do grupo, tentando enfeitiçá-los e por fim, tentando atacá-los no formato de serpente - porque ela era também a serpente que matou a mãe de Rilian - mas o príncipe luta com ela, e com sua espada corta a cabeça da cobra tirando-lhe a vida. Finalmente, ele percebe, vingou a morte da mãe.
Em seguida eles saem pelo túneis do Submundo em busca de uma saída para poderem voltar à Nárnia e o que encontram nesses corredores subterrâneos é uma grande confusão. Com a morte da Dama/feiticeira, os encantamentos que ela lançou nos terrícolas estão se desfazendo e eles também estão voltando a ser quem eram, ou seja, seres felizes, moradores de um mundo ainda mais profundo mais muito belo, onde há um rio de fogo e onde as Salamandras vivem felizes. Eles estão voltando também para o mundo deles. Ainda assim, Jill, Eustáquio, Brejeiro e Rilian encontram um terrícola disposto a indicar-lhes o caminho para cima.
Eles percorrem novamente diversos túneis até que veem uma espécie de buraco no teto do túnel onde estão. O espaço é bem pequeno, de forma que apenas Jill consegue passar por ele, então eles a ajudam a subir para dar uma espiada. No que ela sai para fora porém, ouve-se apenas seu grito e suas pernas desaparecem. Os meninos ficam aflitos dentro do túnel, mas Jill está no melhor lugar possível: entre narnianos que estão fazendo uma espécie de festa ao luar, jogando uns nos outros bolas de neve e fazendo brincadeiras.
O que aconteceu com Jill, logo sabemos, é que uma bola de neve a acertou e os seres correram até ela para ver o que era. A menina se explicou e falou dos demais dentro do buraco. Não demorou para que os animais escavassem e tirassem todos de dentro do túnel.
No dia seguinte, Jill, Eustáquio e o príncipe retornam a Cair Paravel. Lá também deveria chegar, a qualquer momento, o rei. Enquanto viajava pelo mar, Caspian recebeu uma mensagem de Aslam, avisando que seu filho havia sido encontrado e o esperava em Nárnia. Eles chegam praticamente juntos à praia junto ao castelo e há um breve reencontro entre o príncipe e seu pai, mas esse já está com a saúde muito debilitada - ele desceu do navio carregado em um leito - e não resiste, falecendo.
Depois disso, Aslam que também está ali, decide que é hora das crianças voltarem a seu mundo. Ele providencia ainda para que em sua chegada, eles não sejam encontrados pelas crianças que o perseguiam no momento em que foram transportados para Nárnia. Jill e Eustáquio permanecem amigos para sempre.
APONTAMENTOS
Gostei muito dessa história e gostei até mesmo das lições que ela nos passa. Os sinais que pedimos à vida ou que a vida nos dá por conta própria, por exemplo, temos que saber vê-los em meio ao caos para que possamos cumprir as nossas missões. E esse sinais nem sempre vêm na forma como gostaríamos, mas eles estão ali.
As questões bíblicas e religiosas também estão presentes. Mas a essa altura das leituras, eu preciso dizer, nem esperava nada diferente. Se não estou enganada, o primeiro desses elementos aparece quando as crianças chamam Aslan para pedir ajuda da mesma forma como nós muitas vezes rezamos pedindo ajuda à Deus. E ele responde. Não exatamente da forma como as crianças gostariam ou imaginavam, mas responde. É como Deus, não? Hehe.
Também fica muito clara a intenção de Lewis de nos mostrar algo semelhante se não ao inferno, pelo menos ao Purgatório. Lá vivem serem tristes, enfeitiçados por um ser maligno, que cumprem durante longos anos penitências e trabalham para esse ser maligno. Também é o lugar onde Rilian paga por seu desejo de vingança, com dez anos de sua vida.
Também notei que o rio que as crianças cruzam com os terrícolas é semelhante ao de mitologias. O fato de eles serem levados por um ser do submundo através do rio por um barco também me lembrou histórias mitológicas. Achei curioso Lewis colocar isso numa história dele e gostaria de entender melhor, aliás. Se alguém souber, por favor, me explique.
E por fim, a Dama do Vestido Verde é uma serpente. Um serpente tentadora como na história de Adão e Eva e que leva Rilian à desgraça assim como o primeiro casal bíblico. Ela torna Rilian um ser desprezível, assim como Adão e Eva passam a ser desprezados por Deus por terem se deixado levar pela serpente.
Captaram?
Bom, esses foram os elementos que eu percebi, mas se alguém ai notou algo a mais, por favor, compartilha, né?! Vamos ficar todos gratos.
Por hoje é isso.
E na próxima sexta teremos a última das crônicas de Lewis.
Até lá.
Um beijo
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Para agravar sua situação, não demora para que eles descubram que algo está errado com essa Festa do Outono dos gigantes e que na verdade, a tal Dama os mandou para a morte porque os "amáveis" gigantes estão pensando em fazer com eles, uma tradicional receita de pastelão de carne humana.
Só então eles se dão conta de que estão em enorme perigo e que precisam fugir dali o mais rápido possível. Há uma série de dificuldades, como por exemplo, a altura das maçanetas e o peso das janelas, mas em determinado momento de distração dos gigantes eles conseguem sair do castelo. Não demora para que percebam sua fuga e comecem a correr atrás do trio, mas as crianças e Brejeiro encontram uma fenda entre duas pedras existentes no caminho pedregoso que fizeram para chegar a Harfang, e se enfiam ali, não podendo mais ser alcançados.
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Num momento de distração dos gigantes, os pequenos aproveitaram para fugir. - Foto: Luana Ciecelski |
A fenda, logo se vê, dá para uma espécie de túnel que Jill, Eustáquio e Brejeiro resolvem seguir. Nesse caminho eles se deparam com seres tristonhos e estranhos, que se parecem com duendes/anões de variados tamanhos e que se autodenominam terrícolas. Eles explicam para as crianças que aquele é o Submundo ou Reino Profundo e que eles devem ser levados diretamente até a rainha.
Inicia então uma longa viagem por baixo da terra, ou, como chamou Lewis, uma "viagem sem sol". Eles percorrem túneis grandes e estreitos, lugares secos e úmidos, frios e quentes, e até atravessam de barco uma espécie de grande lago subterrâneo, até que chegam aos aposentos da rainha. E quem os recebe? Aquele mesmo cavalheiro silencioso que eles encontraram na estrada dias antes junto da Dama do Vestido Verde.
O homem convida as crianças e o paulama para uma refeição e as crianças aproveitam a oportunidade para questionar a intenção da Dama ao enviá-los aos gigantes. O cavaleiro, porém, teima em defendê-la. Brejeiro também fala que estão procurando Rilian, e que segundo as instruções de Aslam, ele deve estar naquele lugar. O cavaleiro nega que qualquer príncipe viva ali e até mesmo afirma não saber quem é Aslam ou mesmo Nárnia.
Depois da refeição, o cavaleiro explica que os jovens terão que sair da sala, porque em determinado horário do dia - horário que se aproximava - ele sofre terrivelmente com uma maldição que lhe foi jogada, ficando incontrolável em suas emoções e atitudes, e muitas vezes até agressivo. Ele aponta que, por esse motivo, precisa ser amarrado diariamente naquele horário. As crianças concordam em se afastar, mas pedem para ficar em uma sala ao lado, pois estão curiosas para ver que maldição é essa.
O homem concorda e logo é amarrado em uma Cadeira de Prata - nome da crônica - antes dos três partirem o príncipe ainda pede que em hipótese alguma seja desamarrado, diga o que ele disser, porque assim, segundo os estudos curativos da Dama do Vestido Verde, é mais seguro. As crianças concordam.
Passam-se então alguns minutos e eles percebem, através da porta, uma mudança na voz do homem. Ele parece estar com uma consciência diferente e questiona-se sobre o tempo que está nesse mundo sem sol, embaixo da terra, com aqueles seres. As crianças cruzam a porta e se aproximam do homem, para ver mais de perto o que está acontecendo. Ele então é tomado por uma fúria e pede que o soltem, que o deixem ir embora daquele lugar. Jill, Eustáquio e Brejeiro, se negam é claro, porque o próprio cavaleio alertou que isso aconteceria.
Mas então, quando as crianças estão prestes a deixá-lo em sua fúria, ele pede em nome Aslam que o escutem e o tirem dali porque ele não é desse mundo. E nesse momento, Jill e Eustáquio se lembram do último dos sinais de Aslam. Eles encontrariam o príncipe Rilian, porque ele seria a primeira pessoa em toda a viagem que falaria no nome de Aslam.
Eles percebem então que estavam cometendo um grande erro e correm para soltar Rilian. Esse explica então que na verdade, naquele horário ele não tem surtos causados por uma maldição, naquele horário ele tem consciência e volta a ser quem ele era, com suas lembranças, sua personalidade. Rilian destrói a cadeira de prata onde estava sentado, como se aquilo fizesse parte do encantamento. Eles estão pensando em como sair quando, de repente, a porta é aberta e a Dama entra.
Ela, é claro, procura impedir a saída do grupo, tentando enfeitiçá-los e por fim, tentando atacá-los no formato de serpente - porque ela era também a serpente que matou a mãe de Rilian - mas o príncipe luta com ela, e com sua espada corta a cabeça da cobra tirando-lhe a vida. Finalmente, ele percebe, vingou a morte da mãe.
Em seguida eles saem pelo túneis do Submundo em busca de uma saída para poderem voltar à Nárnia e o que encontram nesses corredores subterrâneos é uma grande confusão. Com a morte da Dama/feiticeira, os encantamentos que ela lançou nos terrícolas estão se desfazendo e eles também estão voltando a ser quem eram, ou seja, seres felizes, moradores de um mundo ainda mais profundo mais muito belo, onde há um rio de fogo e onde as Salamandras vivem felizes. Eles estão voltando também para o mundo deles. Ainda assim, Jill, Eustáquio, Brejeiro e Rilian encontram um terrícola disposto a indicar-lhes o caminho para cima.
Eles percorrem novamente diversos túneis até que veem uma espécie de buraco no teto do túnel onde estão. O espaço é bem pequeno, de forma que apenas Jill consegue passar por ele, então eles a ajudam a subir para dar uma espiada. No que ela sai para fora porém, ouve-se apenas seu grito e suas pernas desaparecem. Os meninos ficam aflitos dentro do túnel, mas Jill está no melhor lugar possível: entre narnianos que estão fazendo uma espécie de festa ao luar, jogando uns nos outros bolas de neve e fazendo brincadeiras.
O que aconteceu com Jill, logo sabemos, é que uma bola de neve a acertou e os seres correram até ela para ver o que era. A menina se explicou e falou dos demais dentro do buraco. Não demorou para que os animais escavassem e tirassem todos de dentro do túnel.
No dia seguinte, Jill, Eustáquio e o príncipe retornam a Cair Paravel. Lá também deveria chegar, a qualquer momento, o rei. Enquanto viajava pelo mar, Caspian recebeu uma mensagem de Aslam, avisando que seu filho havia sido encontrado e o esperava em Nárnia. Eles chegam praticamente juntos à praia junto ao castelo e há um breve reencontro entre o príncipe e seu pai, mas esse já está com a saúde muito debilitada - ele desceu do navio carregado em um leito - e não resiste, falecendo.
Depois disso, Aslam que também está ali, decide que é hora das crianças voltarem a seu mundo. Ele providencia ainda para que em sua chegada, eles não sejam encontrados pelas crianças que o perseguiam no momento em que foram transportados para Nárnia. Jill e Eustáquio permanecem amigos para sempre.
APONTAMENTOS
Gostei muito dessa história e gostei até mesmo das lições que ela nos passa. Os sinais que pedimos à vida ou que a vida nos dá por conta própria, por exemplo, temos que saber vê-los em meio ao caos para que possamos cumprir as nossas missões. E esse sinais nem sempre vêm na forma como gostaríamos, mas eles estão ali.
As questões bíblicas e religiosas também estão presentes. Mas a essa altura das leituras, eu preciso dizer, nem esperava nada diferente. Se não estou enganada, o primeiro desses elementos aparece quando as crianças chamam Aslan para pedir ajuda da mesma forma como nós muitas vezes rezamos pedindo ajuda à Deus. E ele responde. Não exatamente da forma como as crianças gostariam ou imaginavam, mas responde. É como Deus, não? Hehe.
Também fica muito clara a intenção de Lewis de nos mostrar algo semelhante se não ao inferno, pelo menos ao Purgatório. Lá vivem serem tristes, enfeitiçados por um ser maligno, que cumprem durante longos anos penitências e trabalham para esse ser maligno. Também é o lugar onde Rilian paga por seu desejo de vingança, com dez anos de sua vida.
Também notei que o rio que as crianças cruzam com os terrícolas é semelhante ao de mitologias. O fato de eles serem levados por um ser do submundo através do rio por um barco também me lembrou histórias mitológicas. Achei curioso Lewis colocar isso numa história dele e gostaria de entender melhor, aliás. Se alguém souber, por favor, me explique.
E por fim, a Dama do Vestido Verde é uma serpente. Um serpente tentadora como na história de Adão e Eva e que leva Rilian à desgraça assim como o primeiro casal bíblico. Ela torna Rilian um ser desprezível, assim como Adão e Eva passam a ser desprezados por Deus por terem se deixado levar pela serpente.
Captaram?
Bom, esses foram os elementos que eu percebi, mas se alguém ai notou algo a mais, por favor, compartilha, né?! Vamos ficar todos gratos.
Por hoje é isso.
E na próxima sexta teremos a última das crônicas de Lewis.
Até lá.
Um beijo
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