É sempre mais difícil falarmos dos livros de autores que a gente conhece de pertinho, e por isso, acho que é um grande desafio escrever sobre a literatura local. Por outro lado, é um prazer muito grande poder sugerir leituras que estão - como nenhuma outra - ao alcance das nossas mãos, e bons textos escritos por pessoas que, mais dia menos dia, você pode encontrar na rua. E tem uma leitura em especial que já faz um tempo quero sugerir aqui. Se eu não estiver enganada, esse foi um dos primeiros contatos que eu tive com a literatura da cidade. Quero sugerir o Stella Devonne, escrito pela Angelita Borges.
O mérito desse livro não está apenas em seu enredo - que é muito interessante, diga-se de passagem - mas também na autora, que tinha apenas 20 anos quando ele foi lançado. Juntando essas duas coisas, temos algo incrível, não?! Uma boa história escrita por uma pessoa jovem. É inspirador. É marcante. E o mais bacana de tudo é que ele é um livro para todos. Qualquer pessoa pode se interessar por essa história. Pela história de Stella Devonne, a personagem principal.
Stella Devonne da Angelita Borges - Crédito: Divulgação |
Acredito nisso porque depois de uma segunda leitura - feita recentemente - eu me dei conta de que há muito por trás da leitura propriamente dita. Há uma história, de uma jovem como a própria autora, que vive em Paris, na década de 1950 e que para sobreviver se prostitui e faz companhia para homens ricos da sociedade. Ela se acaba se metendo em uma grande enrascada porque conhece o homem errado e vê nele uma boa oportunidade de ganhar dinheiro. Depois, porém, ela se arrepende, foge. E a gente não demora a descobrir que aquele não era apenas um homem rico, mas um criminoso.
Há então uma avalanche de acontecimentos em torno da vida de Stella. É como na nossa própria vida, ou seja, um problema nunca vem sozinho. Há um assassinato, uma nova e avassaladora paixão, um aborto, um suicídio e uma investigação. Porque "viver é estar sendo testado a todo momento" como reflete a própria Stella. E em meio a tudo isso, há uma mudança de vida. Mas será apenas uma mudança no aspecto econômico e social, ou é também uma mudança no sentido de amadurecimento, de mudança dos desejos mais íntimos?
E é justamente aí que reside o que está por trás da leitura: as reflexões que ela desperta no leitor. A história se passa, sim, em um tempo um pouco diferente, mas os desejos humanos são os mesmo há milênios, porque muitos deles estão ligados ao instinto. E assim como Stella, nunca estamos satisfeitos com o que temos. Sempre queremos mais. Mesmo depois de conquistarmos aquilo que aparentemente iria nos satisfazer por todo o sempre.
E quando tudo isso é apresentado em uma edição bonita como a que foi feita pela editora Kazuá, com uma capa intensa, um espaçamento interno do texto agradável aos olhos, e com uma divisão de pequenos capítulos como optou por fazer a autora, ler é ainda mais prazeroso. Então não podia ser diferente, né?! Eu não só indico como peço que todos leiam esse livro. Vale a pena mesmo, tá?!
SOBRE O LIVRO
Título: Stella Devonne
Autora: Angelita Borges
Editora: Kazuá
Lançamento: 2013
Páginas: 155
Essa coluna também pode ser lida no site do Riovale Jornal.
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