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Os Videntes | Libba Bray | Leitura de abril

Oi oi, pessoal! Tudo bom?

Terminou mais um mês e com ele mais uma leitura foi finalizada. Estamos falando do livro "Os Videntes" da Libba Bray, livro escolhido pra ser lido no mês de abril de 2018 no desafio dos 12 livros para 2018

Já de cara vou dizer que gostei do livro. Ele é do estilo que eu gosto mesmo, com algo de misterioso  e mágico, mas não necessariamente assustador. Na verdade, só o título dele já tinha me atraído, mas lendo o livro percebi que a tradução do título pode não ter sido a melhor.

Os Videntes de Libba Bray - Crédito: Luana Ciecelski

Isso porque, na verdade, eu não vejo os personagens como videntes propriamente ditos. Eles possuem poderes, dons, é claro, mas não necessariamente de ver o futuro, como seria no caso de videntes. E nem todos os personagens com poderes dessa história possuem o mesmo dom

No original o nome do livro é "The Diviners", que na tradução ficaria "Os Adivinhos". Pode parecer uma bobagem, uma coisinha de nada, quase igual a Videntes. Mas pra quem leu o livro, há uma grande diferença. Porque de fato, eles usam os poderes deles para ajudar a resolver problemas, ADIVINHAR coisas, etc. 

Mas esse é um detalhe apenas, e deixando isso claro, não interfere na história. 
E por falar nela, vou tentar resumi-la. 

Posso dizer que ela tem dois principais núcleos que acabam se cruzando um pouquinho em determinado momento da história. Um desses núcleos, que é o principal deles, onde se passa a maior parte da história, é o que gira em torno da jovem Evie O'Neil, de 17 anos. O outro é o de Memphis Campbell, também um jovem, mais ou menos na mesma faixa etária de Evie

Evie é uma moça de família pelo menos razoavelmente rica. Sua vida, num primeiro momento se resume a festas onde ela costuma beber e dar pequenos shows de adivinhação utilizando objetos pertencentes a outras pessoas - pegando o objeto na mão ela consegue visualizar segredos e detalhes sobre a vida do dono do objeto. 

Numa dessas brincadeiras ela acaba revelando segredos que não deveria e se vê encrencada com outra família da sociedade Zenith, em Ohio. Como solução seus pais decidem mandá-la para Nova York, para morar com seu tio Will, em Manhattan, um professor acadêmico de meia idade, curador de um pequeno e velho museu relacionado a coisas sobrenaturais.

Já Memphis é um jovem pobre, morador do Harlem em Nova York. Ele tem um irmão e ambos moram com a tia, uma mulher extremamente religiosa, porque são órfãos de mãe e foram praticamente abandonados pelo pai que saiu pelo país em busca de um emprego melhor para nunca mais retornar. 

Memphis divide seu tempo entre o trabalho ilícito de venda de bilhetes de apostas pelas ruas da cidade e os cuidados com o irmão, Isaías. Ao longo da história descobrimos, porém, que nem sempre essa foi sua vida. Ele já teve um dom de cura e chegou a ser muito famoso. Quando sua família descobriu que ele podia curar qualquer coisa, ele foi levado de igreja em igreja para sessões de curas. 

Em algum momento, entretanto, algo deu errado e ele acredita que seu dom o abandonou. Mas seu irmão agora mostra os primeiros sinais de que vê o futuro eventualmente. Ele também costuma ter sonhos premonitórios, vistos pela tia como pesadelos apenas. 

O que essas pessoas tem em comum além de vidas cheias de dons? Bom, eles moram na mesma cidade, e exatamente naquele momento, uma série de assassinatos misteriosos começa a acontecer em Nova York, deixando a população alvoroçada e em pânico. Dessa forma, não demora para que a vida de ambos seja afetada por esses acontecimentos. 

No caso de Evie, mais do que no caso de Memphis, porque não demora para que a polícia procure seu tio Will solicitando ajuda na resolução dos crimes. Isso porque por si só um assassinato é envolto de mistério, mas no caso dos crimes cometidos nesse livro, eles são realmente estranhos. 

As vítimas são normalmente encontradas com sinais claros de tortura e com marcas que remetem para o sobrenatural e o esoterismo em seus corpos. O assassino também costuma deixar bilhetes junto das vítimas, citando passagens que parecem ser bíblicas ou de algum escrito religioso. 

Curiosa, Evie logo se vê envolvida nessa investigação junto com o tio e seu assistente, o jovem Jericó. E ela descobre que ao tocar nos objetos das vítimas, ela consegue ter vislumbres do que aconteceu com elas. Num primeiro momento, seu tio não quer aceitar esse tipo de ajuda, mas diante da dificuldade na resolução do caso, ele acaba se rendendo. 

Nesse meio tempo, porém, uma das vítimas acaba sendo o melhor amigo de Memphis, outro jovem morador do Harlem chamado Gabriel, ou Gabe. E seu irmão, num dado momento, chega a prever que isso aconteceria. Isaías chega até mesmo a alertar Gabe, pedindo que ele não passe pela ponte. Ele passa, entretanto. 

Logo descobrimos que a origem desses crimes é ainda mais antiga do que se poderia imaginar e que o criminoso em si tem muito mais de sobrenatural nele do que se poderia pensar. Descobre-se a existência de uma antiga seita, que previa e tentou trazer à vida a Besta no fim do século 19, e que esse grupo está novamente ativo, guiado por um espírito que morreu cerca de 50 anos antes e que agora novamente caminha sobre a Terra. 

Sobre o clímax e o desfecho não vou falar muito, mas os dons de Evie são extremamente importantes para a resolução dos problemas que se colocam. Assim como os dons que estão presentes na vida de Memphis e de Isaías, também se mostram importantes para seu círculo. 

É muito importante dizer, porém, que esse livro termina de forma um tanto quanto inacabada, deixando a sensação de que haverá uma continuação. Fala-se em uma Tempestade que está por vir e fica claro que as pessoas com dons terão um papel importante nisso. 

Também fica sem explicação clara a atitude de alguns personagens, como é o caso do Cego Bill (do círculo de Memphis) que claramente tem poderes e até tenta fazer mal a Isaías, mas não sabemos o motivo. O próprio Memphis, pra falar a verdade, parece que tem uma importância muito maior do que aquela dada para ele nesse volume.

Há a questão de Sam (do círculo de Evie), outro personagem que claramente possui um dom, mas que fica um tanto oculto na história. Seu papel não é claro. Mas sabemos que algo aconteceu com sua mãe e que Will e Jericó podem estar envolvidos nisso, ou podem saber o que aconteceu com ela, ao menos. 

E tem a velha senhora (não me recordo o nome), moradora de um dos velhos apartamentos em Bennington, que também tem um dom ou conhece alguma verdade sobre pessoas com dom, e que também sabe sobre a tal Tempestade. Não sei porque ela aparece nessa história. Não fica claro. 

O irmãos de Evie, morto na Primeira Guerra Mundial, é outro personagem que nos deixa intrigados, porque ele frequentemente aparece nos sonhos da moça, como que enviando mensagens para ela. Acho que isso também ficou um pouco mal explicado.

E esse foi, portanto, o principal problema dessa história pra mim. Houve a intenção, não tenho dúvida, de fazer uma continuação. Mas por algum motivo ela não foi feita, porque não encontrei nada sobre ela na internet, a não ser esse artigo da Beatriz do blog A Quimera, que fala justamente sobre a não continuação da história. 

Mas de outra forma, se desconsiderarmos esse aspecto, a história é boa. O enredo principal do volume, que são os misteriosos assassinatos e o misterioso assassino, é bastante claro, bastante intrigante, bastante surpreendente. 

Também achei muito interessante a contextualização histórica inicial, dos movimentos espiritualistas que despertaram a curiosidade das pessoas no período entre guerras - inclusive em função das guerras, já que muitas pessoas buscavam contato com entes querido mortos na Primeira Guerra Mundial. 

Também são abordadas questões como a Ku Klux Klan e igrejas radicais como a Pilar de Fogo e esses aspectos - apesar de estarem contidos em um livro de fantasia - nos fazem refletir não apenas sobre o passado, mas sobre os movimentos religiosos e ideológicos de nosso próprio tempo.

Então, não sei se recomendo a leitura. Se tu ficou curioso e não te importa com esse problema da continuação, vai em frente. Mas vá consciente, ok?

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