Olá pessoal, tudo bom?
Mas se der, leia os dois. É triste, sim. Mas a gente precisa lembrar desses fatos pra que eles nunca mais voltem a acontecer, pra que a gente aprenda a dar valor às pessoas que nos cercam, pra que percebemos o quão frágil é a vida.
Hoje eu vim aqui pra falar sobre o livro "Todo o dia a mesma noite" da jornalista e escritora Daniela Arbex. Ele foi lançado no dia 17 de janeiro de 2018 pela Editora Intrínseca e aborda a história em torno da tragédia da Boate Kiss, ocorrida no dia 27 de janeiro de 2013. Ou melhor, ele reconta esse história pelos relatos de pessoas que tiveram alguma relação com o caso.
Entre essas pessoas estão médicos, bombeiros, policiais, sobreviventes, mas também um grande número de país de vítimas. Dessa forma, Daniela traz um pouco daquilo que já se viu nos noticiários, especialmente à época do acontecimento, mas também traz muitos detalhes que não eram conhecidos.
Achei especialmente bacana o olhar do médico do Samu, Carlos Fernando Dornelles, que abre o livro falando um pouco sobre o antes e o durante da tragédia, em especial sobre as dificuldades de quem trabalhou no resgate das vítimas da Kiss. Também achei bastante importante o fato de que Daniela deixou que os pais falassem sobre suas dores, sem mascará-las para tornar a história mais bonita - por exemplo, teve uma mãe que em sua dor tentou matar a outra filha, sobrevivente, e se matar - o que deu ao livro um toque ainda mais humano.
Ela faz tudo isso de forma cronológica. Como já disse, a abertura é feita pelo médico que fala sobre o antes e o durante. Depois temos bombeiros falando sobre o resgate também e alguns pais comentando sobre a busca pelos filhos de hospital em hospital, ou no ginásio onde os corpos esperavam por reconhecimento. Em seguida, ela trouxe os relatos daqueles que tiveram que velar os mortos, e finaliza contando um pouco sobre como eles estão hoje, como cada um lidou com o trauma, como cada um seguiu (ou não) a vida.
Ela intercala os relatos dessas pessoas que ela ouviu de forma que eles se complementam em todas as etapas da história. Isso faz com que fique mais fácil de compreender o que aconteceu naquela madrugada, naquele dia e naqueles dias que se seguiram. Isso também faz com a que a gente se identifique muito com aquelas pessoas. Se coloque no lugar delas. Além disso, em termos de escrita, a leitura é fácil. Daniela é jornalista e sabe o que faz. Apesar disso, a leitura não é fácil. Não raro a gente tem que fazer pausas pra dar aquela respirada.
De forma geral posso dizer, portanto, que foi uma leitura muito importante que eu fiz, que me marcou muito e que eu, com certeza não vou esquecer tão cedo, especialmente porque sou gaúcha, vivo numa cidade mais ou menos próxima de Santa Maria onde o incêndio aconteceu, poque lembro muito bem do evento, etc.
Mas... preciso fazer uma outra consideração.
É que assim, minha gente, apesar de muito bom, o "Todo dia a mesma noite" da Daniela Arbex não é melhor do que o livro "Sobreviventes" da Eduarda Pavanatto e da Luiza Adorna, lançado em 2017 e sobre o qual já falei aqui. As gurias, que aliás são formadas em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e moram aqui em Santa Cruz, fizeram um trabalho tão bom quanto e lançaram um bom tempo antes.
Por isso, eu faria uma crítica ao subtítulo do livro da Daniela: "a história não contada da Boate Kiss". Simplesmente porque de alguma forma ela já havia sido contada, sim. Os fatos, de forma geral, foram repercutidos internacionalmente, e os relatos, bom, alguns deles - muito bonitos, intensos, marcantes - estão no livro da Eduarda e da Luiza. A diferença é que elas optaram por colher relatos de sobreviventes enquanto a Daniela conversou mais com pais de vítimas. Enfim.
Então, a dica que eu dou é a seguinte: já leu o "Todo dia a mesma noite" e gostou? Então leia o livro "Sobreviventes" também. Não leu nenhum dos dois ainda? Então leia ambos. Não tá a fim de ler os dois porque, afinal, a temática é a mesma e são livros pesados, etc, etc? Então eu sugiro que você opte pelo "Sobreviventes".
Ele é mais barato (querendo ou não isso é importante, né?), o valor arrecadado é doado pelas autoras à uma escola carente do interior de Santa Maria, por meio da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), o conteúdo é tão bonito quanto, e você ainda estará prestigiando a literatura local (o mais bacana de tudo, né?).
Por isso, eu faria uma crítica ao subtítulo do livro da Daniela: "a história não contada da Boate Kiss". Simplesmente porque de alguma forma ela já havia sido contada, sim. Os fatos, de forma geral, foram repercutidos internacionalmente, e os relatos, bom, alguns deles - muito bonitos, intensos, marcantes - estão no livro da Eduarda e da Luiza. A diferença é que elas optaram por colher relatos de sobreviventes enquanto a Daniela conversou mais com pais de vítimas. Enfim.
Então, a dica que eu dou é a seguinte: já leu o "Todo dia a mesma noite" e gostou? Então leia o livro "Sobreviventes" também. Não leu nenhum dos dois ainda? Então leia ambos. Não tá a fim de ler os dois porque, afinal, a temática é a mesma e são livros pesados, etc, etc? Então eu sugiro que você opte pelo "Sobreviventes".
Ele é mais barato (querendo ou não isso é importante, né?), o valor arrecadado é doado pelas autoras à uma escola carente do interior de Santa Maria, por meio da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), o conteúdo é tão bonito quanto, e você ainda estará prestigiando a literatura local (o mais bacana de tudo, né?).
Mas se der, leia os dois. É triste, sim. Mas a gente precisa lembrar desses fatos pra que eles nunca mais voltem a acontecer, pra que a gente aprenda a dar valor às pessoas que nos cercam, pra que percebemos o quão frágil é a vida.
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