Flavio Kothe lança livro de contos

Muito em breve Santa Cruz do Sul terá um livro novo sendo lançado por um escritor local. E mais do que isso, Santa Cruz do Sul terá a de conhecer uma face diferente do escritor santa-cruzenze Flavio René Kothe. Ele, que foi homenageado da Feira do Livro no ano 2017, e que já publicou novela, romance e poesia, além de todas as publicações acadêmicas, mostra as suas qualidades de contista, com a obra Casos do Acaso, da editora Cajuína.

Flávio Kothe, em registro feito durante a Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, em 2017
Foto: Divulgação

O lançamento em sua terra natal será no próximo dia 15 de dezembro, a partir das 10 horas, na Casa das Artes Regina Simonis (Rua Júlio de Castilhos, 651), com entrada franca. O livro estará à venda no local pelo valor de R$ 30,00. O evento tem o apoio da Associação Pró-Cultura.

CASOS DO ACASO

Os contos aparecem através de diversos narradores. Pode ser um químico nordestino, um morador de Berlim, um aposentado que anda pela praia, um velho professor mineiro, um perseguido político, um divorciado a refletir sobre suas ex-mulheres. Qualquer um pode dizer algo de si mesmo. O que parece uma identidade numérica, a ser identificada com o eu do autor, revela ser uma diversidade empírica e ficcional. Cada eu tem a sua história, na qual momentos significativos da existência são repassados.

Os contos Casos do Acaso foram escritos em 2017 e 2018, e alguns deles publicados no jornal da Associação Nacional de Escritores, tendo despertado o interesse dos associados. Segundo Kothe, “os contos surgem de uma inquietação interior, associando imagens, sentimentos e palavras, de maneira que o texto se forma no autor como um feto que precisa ser parido”. Ele define que os textos “se escrevem pelo autor, a obra se obra nele e através dele, para se tornar independente dele. Ao nascerem, precisam ter os cuidados que se tem com um bebê, precisam ser tratados, lavados, vestidos, para que não pereçam. Quando publicados, caem no mundo e passam a ter vida própria”, diz.

Kothe afirma ainda que “embora escritos sob o princípio da liberdade criativa, portanto sem se submeterem a interesses imediatos, eles devem ser interessantes, devem atrair a atenção e o cuidado do leitor. Não devem se esgotar à primeira leitura. O eu do personagem-narrador pode ser muitos. Nunca vai ser o autor, jamais vai deixar de ter algo do autor; nunca vai ser determinada pessoa, jamais vai deixar de ter algo de diversas pessoas”.

O AUTOR

Flávio R. Kothe é licenciado em Letras, mestre, doutor e livre-docente em teoria literária. Perseguido pela ditadura, foi excluído do corpo de docentes da Universidade de Brasília no final de 1977, tendo retornado como anistiado em 1993. Lecionou na PUC-SP e na PUCCAMP. Foi professor titular visitante na Universidade de Rostock (Alemanha), na UFRGS e no Instituto de Estudos Avançados da USP. Atualmente é professor titular de estética na UnB, onde coordena o Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica da Faculdade de Arquitetura, que edita a RES - Revista de Estética e Semiótica. É também o atual presidente da Academia de Letras do Brasil sediada em Brasília.

Tem mais de 40 livros e mais de 400 trabalhos publicados. Traduziu Benjamin, Adorno, Nietzsche, Marx, Celan, Kafka, Heinrich Mann, Patrick Suesskind. Estabeleceu um diálogo crítico com o cânone literário brasileiro em quatro livros publicados pela Editora da UnB, na qual apareceram também outros livros como A narrativa trivial, Arte Comparada, Fundamentos da teoria literária, A poesia hermética de Paul Celan. Flávio R. Kothe é conhecido como ensaísta e tradutor, mas a criação ficcional não é novidade em sua trajetória. Publicou seis livros de poemas, a novela Botucaraí e, em 2016, o romance histórico e político O Muro.