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Mulheres que correm com os lobos | Clarissa Pinkola Estés | Livro de Janeiro

Oiie gente, como vão vocês?

Por aqui tudo bem. É verão, tempo de férias e de muitas leituras, então não poderia estar melhor. E por falar de leituras, hoje eu vim aqui pra contar pra vocês a respeito de uma incrível que eu fiz durante esse primeiro mês de 2019. Quero falar pra vocês sobre o livro "Mulheres que correm com os lobos" da Clarissa Pinkola Estés.



A verdade, porém, é que nem sei por onde começar esse post, porque esse é daqueles livros super marcantes na vida da gente, em especial se tu for mulher, e mais em especial ainda se tu te interessa por questões relacionadas à sabedoria antiga, algo um pouquinho sagrado feminino, um pouquinho espiritual, e com um toque de simbologia.

Como eu amo esses assuntos desde que eu me entendo por gente. Esse acabou se transformando, já nas primeira páginas, em um dos livros da minha vida. Um daqueles que eu quero ter como bíblia, como guia. Um daqueles que vou querer reler toda hora, sempre que possível. Aliás, relê-lo será mesmo necessário, porque ele é tão rico de informações em cada parágrafo que é impossível absorver tudo em uma única leitura.

Mas então, estou aqui divagando e divagando e ainda não falei sobre o conteúdo do livro. Pois bem, isso é bem complexo de compreender (apesar de muito gostoso de ler). O que a autora faz aqui é trazer histórias antigas e mitos de várias culturas diferentes, contando-os pra nós e depois fazendo uma interpretação deles a partir de seus aspectos arquetípicos.

Para compreender bem mesmo o que ela faz, entretanto, é importante compreender, pelo menos superficialmente, o que são os arquétipos. Esse é um termo da psicologia utilizado para denominar alguns símbolos chaves que temos em nosso inconsciente e que trazemos conosco desde o nosso nascimento, mas que vamos desenvolvendo ao longo da vida. Ele foi bastante trabalhado pelo psicanalista Carl Gustav Jung, que dizia serem os arquétipos parte integrante de um inconsciente coletivo, natural a todas as pessoas, formado através de gerações e gerações de experiências de vida.



Esses arquétipos nos ajudam a compreender, mesmo que inconscientemente algumas coisas. Entre os arquétipos mais famosos está o do Herói, pra citar um exemplo e tentar facilitar o entendimento. Ele é um arquétipo porque todo mundo, desde muito pequeno, sabe o que é um herói. Alguns imaginam ele com base em uma história lida ou um filme assistido, mas as características e qualidades de um herói, mesmo que você não saiba descrevê-las são mais ou menos as mesmas para todos os heróis, de todas as pessoas. É mais ou menos isso, e sim, é bem difícil de entender, e não, não sou especialista no assunto, então talvez eu não tenha conseguido explicar isso da forma mais correta, mas tendo isso em mente você já vai compreender o que a autora está fazendo nesse livro.

Então, como eu disse, ela pega os arquétipos dessas histórias antigas e faz uma interpretação disso. E bom, ela faz isso com muita propriedade porque ela sim é uma especialista em arquétipos, como ela explica ainda no início do livro. Sua vida toda vem sendo dedicada à pesquisa acadêmica desse assunto e também a atendimentos psicanalíticos dentro da psicologia Junguiana.  Então ela sabe do que fala. Ela sabe o que está nos ensinando.

Todos essas histórias e interpretações arquetípicas estão ligas ao feminino. Elas vão, capítulo a capítulo, ensinando, como num passo a passo, a criar uma reconexão com aquilo que a Clarissa Estés chama de Mulher Selvagem. Essa mulher selvagem nada mais é do que o Self-Instintivo que existe dentro de cada mulher. A autora explica que dentro de nós temos um lado mais instinto e outro lado mais social. Com o passar dos séculos, fomos deixando de lado esse lado instinto a ponto de esquecermos dele. No entanto, ele é essencial para que haja um equilíbrio dentro de nós mesmas, para que sejamos efetivamente felizes, para que sejamos nós mesmas.

"Sermos nós mesmos faz com que acabemos excluídos pelos outros. No entanto, fazer o que os outros querem nos exila de nós mesmos".

A Clarissa nos ensina então a nos reconectarmos com esse lado. Ela nos faz um convite ao autoconhecimento, ao ser que você é como mulher, ao conhecimento de sua essência, àquela que você seria se não estivesse tentando agradar a sociedade ou alguém específico. Ela faz um convite a libertar-se e voltar a ser essa mulher em tempo integral. Ela convida a todas nós para uma reconciliação com o feminino mais profundo.

Entre os assuntos abordados estão, para citar alguns exemplos, a questão da intuição, da união feminina e masculina, relação com o corpo, maternidade, sexualidade, sentimentos e como lidar com os mais variados deles, a natureza da vida e da morte, entre outros tantos. Entre as histórias trazidas pela autora estão a La Loba, a Mulher-lobo; O Barba Azul; Vasalisa, a sabida; Manawee; O patinho feio; Os sapatinhos vermelhos; La Lorona, entre outros.

E pra finalizar, como não podia deixar de ser, a autora nos dá ainda uma grande lista de outras obras que podem ser lidas por quem quer aprofundar seus conhecimentos nesse assunto e nessa busca, o que é incrível, porque você realmente termina o livro querendo buscar mais, compreender melhor, se conhecer melhor. As obras dessa lista estão todas em inglês porque a editora não os traduziu, mas dando uma olhada nela eu vi que alguns daqueles possuem tradução, sim! Então, é só dar uma garimpada.

Antes de encerrar esse post eu queria dizer só mais uma coisa, mas também muito importante: esse não é nem de longe um livro pra ser lido só por mulheres, não, viu? Ao contrário. É um livro que todos os homens deveriam ler, em especial aqueles que gostam de dizer que "mulher deveria vir com manual". O livro não é um manual, é claro, porque ele exalta justamente a liberdade de espírito, mas ele ajuda a compreender como alguns processos psicológicos se dão. Também é bacana para os casais que querem se compreender melhor e até mesmo ajudar na evolução e crescimento um do outro.

Ah, já ia me esquecendo... por que "Mulheres que correm com lobos"? A própria autora explica:

“A loba, a velha, aquela que sabe está dentro de nós. Floresce na mais profunda psique da alma das mulheres, a antiga e vital Mulher Selvagem. Ela descreve seu lar como um lugar no tempo em que o espírito das mulheres e o espírito dos lobos entram em contato. É o ponto em que o Eu e o Você se beijam, o lugar em que as mulheres correm com os lobos (…)”.
Dito isso, vou encerrando esse post por aqui deixando essa super indicação de leitura pra todo mundo. Ele é um livro grandinho - com cerca de 570 páginas - mas vale muito a pena. Além disso, ele está super fácil de encontrar, porque a Editora Rocco recém lançou uma edição mais simples dele, e também uma edição em capa dura, que aliás, está linda.

E se mais alguém aí ler ele ou já tiver lido, por favor, deixem comentários, falem sobre o que vocês mais gostaram, tá?!

Um super beijo.

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