Não me lembro ao certo qual foi o primeiro livro que li. Acho que esse é uma das coisas que acontece quando a gente começa bem cedo. Na época, obviamente eu não fazia qualquer tipo de lista de leitura e nem sonhava em fazer, portanto muita coisa foi lida e já nem lembro mais.
Entre essas tantas coisas estão uns quantos livros espíritas. Romances principalmente. Minha mãe que sempre curtiu ler também, comprava em livrarias ou então através das revistas da Avon e muitos deles eu peguei pra ler logo depois dela.
O fato é que, independente de lembrar os títulos ou não, muitas dessas histórias me marcaram profundamente e mais do que isso, me ensinaram muito. Eu acho que nem tenho dimensão real do quanto elas ajudaram a compor a pessoa que sou hoje, mas sei que frequentando casas espíritas hoje, eu invariavelmente me deparo com temas, conversas, estudos, palestras, etc, a respeito das quais eu já ouvi ou li em algum lugar em algum momento, ainda que eu não saiba exatamente onde. Eu acho que pode ser desses livros.
Porque eles são realmente inspiradores. Ao menos pra mim. Alguns, é claro, marcam mais do que outros. Eu me lembro muito bem, por exemplo, de quando li Violetas na Janela pela primeira vez. Esse é um clássico. Aliás, recomendo muito para quem quer começar e não sabe por onde. No meu caso, acho que eu super me identifiquei com a personagem principal, porque ela era jovem e o livro tem uma linguagem super tranquila.
O efeito que teve em mim foi o de querer ser como a Patrícia. Decidi que queria ser melhor. Não sei ao certo como e porque essa decisão veio, e olhando para trás hoje, eu percebo que nunca consegui nem me aproximar dos pés dela, óbvio, mas ter metas é importante, não é mesmo?
E assim, leitura após leitura eu me sentia inclinada a tentar ser uma pessoa melhor. Acho que isso tem um peso interessante quando a gente se depara com obras que nos inspiram dessa forma desde muito cedo. Não que eu seja muito evoluída. Ao contrário. Com certeza tô aqui porque já fiz muita lambança em encarnações passadas, tenho minhas coisitas para resgatar e muitos, muitos defeitos pra concertar... mas eu com certeza poderia estar em situação pior.
Imagino isso porque acho que em momentos difíceis eu já fui muito mais desesperada. Hoje consigo ter um pouquito mais de serenidade. Recentemente percebi que a minha fé me dá muita paz e me deixa menos preocupada com o que está por vir, com os problemas, com as dores... consegui internalizar, pelo menos um pouquinho, a ideia de que nada é por acaso, de que a gente tem que passar por certas coisas e de que passar por tudo sem reclamar tanto é o melhor caminho.
Parece clichê talvez, né? "Nada acontece por acaso". Desde que me entendo por gente eu escuto isso. Mas no meu caso, acho que isso começa a atingir uma dimensão diferente: aquela em que a gente simplesmente se mantém resignado com as dores e aprende, aos pouquinhos, a gostar delas, porque são elas que nos levam adiante. É a dimensão em que sofrer não é mais tão ruim, porque tudo depende do ponto de vista (outro clichê, né?) e porque a dor nunca, nunca mesmo, é injusta, ainda que a gente não a compreenda.
E digo tudo isso porque recentemente tive a oportunidade de ler outra obra que foi "um passo a mais" nesse processo de aprender. E só de pensar nela já me emociono porque é uma história muito, mas muito linda e Deus sabe que um dia eu quero ser um dedinho do pé da personagem Alcíone, assim como quis ser Patrícia um dia, porque afinal, ter metas é importante!
Tô falando do livro Renúncia, do Emmanuel e do Chico Xavier.
Eu fiz um vídeo sobre ele pro canal no YouTube e vou deixar abaixo pra quem quiser ver. Ali eu falo um pouco mais sobre a publicação dele, o enredo, as personagens, etc, e tentei demonstrar o quanto ele foi importante pra mim, mas no vídeo eu não poderia falar tudo isso que eu trouxe aqui, então, por isso, fiz esse texto.
A verdade é que eu preciso compartilhar com vocês esses sentimentos. Eu sempre gosto de repetir que a literatura tem uma importância muito grande no nosso processo de evolução, que ajuda a nos humanizar, que nos ensina a estar mais no lugar do outro e ser mais solidário e acho que as obras espíritas são esse processo em potência máxima (a maioria delas, pelo menos).
Então é claro que eu recomendo pra todo mundo, especialmente se tu te sente aberto pra esse tipo de leitura. Tu não precisa te identificar com as personagens ou querer ser como elas, mas ainda assim eu tenho certeza de que elas vão te ensinar alguma coisa.
E agora vou ficar por aqui, com uma pergunta que não sai da minha cabeça: qual será o próximo livro tão impactante que vou ter a oportunidade de ler?
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