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Como a gente escolhe os livros que a gente vai ler?

Num belo dia, assistindo a um vídeo de um canal literário, eu me deparei com essa pergunta e fiquei intrigada. Porque sinceramente, apesar de escolher livros para ler toda hora, nunca tinha parado pra pensar nisso. Vocês já? 

Se sim, me contem como é que vocês fazem pra escolher, porque eu adoro esses processos. Acho que eles são muito individuais, mas aqui e ali a gente sempre pode tirar algo de útil para nós mesmos.

Até porque para uma virginiana, eu me dei conta que sou bastante desorganizada nesse quesito (e tudo bem, né? Não vou morrer por isso). Mas não apenas. Acho que nos últimos dois anos até piorou.

Há algum tempo eu costumava organizar um pouco mais as leituras do ano, fazendo aquelas listas de leituras para os 12 meses, etc, etc. Mas a verdade é que elas funcionavam apenas parcialmente porque lá pelas tantas eu acabava não lendo o livro que me propus no início do ano, simplesmente porque minha vibe já era outra. De repente surgia uma vontade grande de ler outra coisa e ela era priorizada.

Então, eu achei que eu poderia começar a seguir mais essas vontades e pronto. Pra escolher todas as leituras no início do ano? Pra depois me sentir um pouco culpada por não ter conseguido cumprir com a meta literária? Aff, cansaço disso, sabe?!

E acho que desde então, esse tem sido basicamente o meu método.

Mas daí brota uma vontade do nada de ler, sei lá, Em busca do tempo perdido?

Biblioteca de Praga - só pra deixar um gostinho de "uau, que livro eu escolheria?" - Créditos: Pixabay

Às vezes, é simples assim. Outras vezes, nem tanto... nesse processo de pensar eu me dei conta de algo que eu já sabia, mas não de forma tão consciente: ouvir outras pessoas falando sobre livros é algo bem importante. Pelo menos pra mim (mas acho que em maior ou menor grau, pra muitas pessoas, se não todos).

Porque assim... se eu escuto sobre um livro, eu não vou necessariamente sair naquele momento e comprá-lo, porém, se ele for do meu interesse, aquelas informações vão ficar guardadas em algum lugar da minha cabeça e num futuro mais ou menos distante, elas vêm à tona. Pode ser quando eu me deparar com o livro na minha frente em uma loja ou em um sebo, ou então, simplesmente quando eu pensar em procurar algo diferente.

Há também aquelas situações em que o livro me parece tão interessante que eu acabo comprando-o sim, mesmo sabendo que talvez eu não consiga lê-lo naquele momento. Nesses casos, eu deixo o livro lá na estante e daqui a pouco, eu sei que vou passar pelo livro e sentir que é um bom momento. Então eu vou abri-lo, sentir o cheiro de suas páginas e pensar: essa pode ser uma das minha leituras nas próximas semanas.

Já houve situação em que eu ouvi sobre um livro, depois de um tempo vi que ele estava numa promoção, comprei e até hoje ele ainda está lá esperando para ser lido. Acontece. Mas ele vai ser lido em algum momento, eu sei, porque eu tenho vontade de lê-lo (só não foi o momento certo ainda).

E inclusive, esse meu novo método de não fazer lista pro ano inteiro foi muito boa por um lado, porque se eu não tenho aquela obrigação de ler um determinado livro porque o coloquei em uma meta anual, tenho mais espaço para me permitir determinada leitura no momento em que a vontade bater

Porque também acontece de essa vontade passar. O tempo certo se ir e então, eu preciso esperar uma nova oportunidade. Mas isso já é outra história.

Por outro lado, sem as metas literárias, eu acabei lendo um pouco menos, o que nem sempre é ruim é claro, porque pode-se focar mais nas leituras, fazê-las com menos pressa, primar pela qualidade. Porém quando se tem vontade de ler tantas coisas (e no meio disso ainda precisa encaixar a vontade de reler algumas de vez em quando), ler menos aumenta a dor no coração. Mas tudo bem...

Uma coisa que eu percebi que não faz muito parte da minha rotina de escolher livros, por outro lado, é conferir lançamentos. Às vezes eles acabam chegando pra mim, porque ouvi uma indicação ou porque vi o livro em algum lugar e me interessou. Mas dificilmente, muito dificilmente eu vou procurar "pra ver o que está sendo lançado" e colocá-los entre minhas próximas leituras.

E como o meu processo de ouvir + comprar + escolher ler às vezes leva meses ou mesmo anos, eu dificilmente leio o livro pouco tempo após o seu lançamento. Em geral, ele já tem alguns ano. O que também é bom, porque daí às vezes já passou um pouco aquele hype e a leitura não sofre tantas influências externas. Mas, eventualmente acontece. No ano passado eu li o Ainda que a terra se abra do Tavares, logo depois do lançamento. Mas é porque Tavares é um dos meu favoritos.

E ainda bem que eu cheguei nesse ponto. Porque autores que já foram lidos por mim e dos quais eu gostei, naturalmente possuem um certo privilégio nas minhas escolhas. Eu sempre fico querendo ler mais coisas daquela pessoas. Às vezes leva tempo. Tipo Virginia Woolf. Em agosto do ano passado eu li Ao farol dela, livro que se tornou um dos meu preferidos da vida. Desde então tenho guardado no fundinho do meu pensamento que assim que der eu vou ler algo mais dela.

Isso também vale para a Elena Ferrante. E para Rosamunde Pilcher. Aliás, que bom que cheguei em Rosamunde Pilcher, porque hoje mesmo eu comprei quatro livros dela na Estante Virtual. Há muitos anos, ainda no Ensino Médio, um romance curtinho dela veio parar nas minhas mãos por meio da biblioteca da escola e eu me apaixonei pela escritora. Chegando na Unisc, que alegria ao descobrir que havia muitos livros dela lá. Então, de vez em quando eu pegava algum pra ler. Devem ter sido uns 6 talvez ao total, até hoje. Mas há muitos mais! 

Então hoje foi o dia em que, de repente, depois de assistir um vídeo sobre outros livros no YouTube, entrei na Estante Virtual e pensei "quero comprar um livro, mas qual?" E me veio o nome da Rosamunde na mente. Eu pensei "Isso!" e assim acabei com quatro no carrinho de compras incluindo um que tenho como favorito da vida, Os apanhadores de conchas. Porque quero reler ele, claro.

Mas percebem? Foram anos de processos. E nem sempre eles fazem total sentido. Apesar de ler Rosamunde há mais de 10 anos, eu estou comprando os meus primeiros só agora. Nesse meio tempo comprei um zilhão deles, nunca Rosamunde. Por quê? Quem é que sabe, não é mesmo?

Mas isso tudo me faz pensar que escolher as leituras tem a ver com duas coisas: a familiarização e o momento certo. O que, por sua vez, me leva a crer que, se alguém não tem o habito da leitura, talvez o que falta a ela seja a possibilidade de se familiarizar com as obras, para conseguir perceber quais são as que mais interessam a ela e quais ela terá vontade de ler, no momento certo. Entenderam? 

Por isso, falar sobre livros é tão importante. Onde quer que isso aconteça. Mostrar nossas leituras pode parecer besteira, mas tem um peso muito grande no incentivo a leitura, especialmente em uma realidade em que as pessoas não têm ainda tanto essa cultura e têm pouco tempo para ler, pouco dinheiro para comprar livros. Mas elas podem ir se familiarizando com as histórias. No momento certo, o livro vai chegar pra ela se ela começar a procurar por ele, eu acho.

Enfim... são muitos devaneios loucos aqui e pode ser que nada disso faça sentido. Mas pra mim, nesse momento, fez. 

Obrigada a quem leu até aqui. Lembre-se de compartilhar as suas leituras com alguém e eu quero tentar fazer o mesmo sempre que possível. É isso. 

Beijos.

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