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Quando a gente (quase!) se afoga no porto seguro

Ontem me peguei pensando que Harry Potter e Simple Plan são meus dois maiores portos seguros, meus maiores locais de conforto, na literatura e na música, respectivamente, mas sobretudo na vida. 

Quando leio Harry Potter ou paro pra ouvir uma música do SP com os olhos fechados, eu sou transportada para um mundo que é só meu, perfeitamente impossível e que só existe na minha mente mas que nem por isso são menos reais (pra mim).

E por isso, meus amores, eu adoro esses lugares (que são dois lugares, mas que às vezes até se encontram, afinal aqui dentro tudo é possível).

No entanto, às vezes, eu me deixo levar um pouco demais por esses mundos. Eles são porto seguros. Mas estão próximos demais de um mar profundo e misterioso que convida, chama, sussurra coisas que me parecem interessantes demais para simplesmente ignorar.



E não sei o que é pior: se é me entregar a esses mundos e depois, quando a realidade vem, sentir toda a frustração; ou se é ter consciência de que isso acontece, me dar conta de que preciso ter cuidado, parar com isso, mas ainda assim desejar mais do que tudo no mundo estar ali.

Acho que é uma espécie de vício, não?

Até fui procurar no dicionário: 

VÍCIO: Dependência física ou psicológica que faz alguém buscar o consumo excessivo de algo, de uma substância, geralmente alcoólica ou entorpecente: vício de fumar. [Por Extensão] Costume de fazer sempre a mesma coisa.

Se estou preocupada? Um pouco, afinal, saúde mental é importante (risos nervosos). E como diria Dumbledore (mais risos nervosos) "não vale a pena viver sonhando e esquecer de viver". Mas na verdade, estou mais preocupada é com a minha vida real mesmo, porque eu sei que eu costumo buscar refúgio nesses lugares tão meus quando algo não vai bem.

E no entanto, eu não sei ao certo se entendo o que não vai bem. E se tenho minhas suspeitas, gostaria de não tê-las. É um vespeiro que não sei se quero cutucar (será que já não foi cutucado? será que eu não estou apenas tapando o buraco com mão enquanto as picadas vêm?).

Além disso, pra ajudar, a vida é cíclica e eu tenho sentido uma vontade muito grande de fazer coisas que há muito tempo não sentia vontade. Tenho sentido vir à tona, de dentro de mim mesma, algumas coisas que eu achei que nem estavam mais lá. 

E ao mesmo tempo que eu sinto que eu deixo de lado um pouco da maturidade conquistada nos últimos anos, também sinto como se eu estivesse me abraçando novamente. E tenho gostado disso. Mais do que talvez eu deveria pelo bem de minha saúde espiritual (será que se pode ter tudo?).

Então, como diz aquela música do Sum 41 (In too deep):

"Cause I'm in too deep, and I'm trying to keep,
Up above in my head, instead of going under.
Instead of going under"

Estou buscando algum equilíbrio. Felizmente, nunca fui (nem mesmo nos meu anos mais rebeldes) alguém que toma decisões precipitadas ou que faz as coisas simplesmente por fazer. Eu sempre penso muito antes de qualquer coisa. 

Então estou aqui, mantendo a cabeça na superfície, ainda que o resto todinho já esteja afundando nesse mar que convida, chama, sussurra coisas que me parecem interessantes demais para simplesmente ignorar.

Mas eu estou bem. De verdade. Talvez melhor do que nunca em alguns aspectos. Enquanto uma parte de mim afunda, outra submerge. E gosto dessa segunda parte (ainda que ela me cause preocupação). Mas não é isso a vida, afinal?

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